Desde o início da pré-campanha presidencial, no final do ano passado, todos a queriam como vice. Por ser senadora que se destacou na CPI da Covid, por ser mulher, combativa, com um passado limpo e ter tradição que vem do berço. Afinal, é filha de Ramez Tebet, ex-presidente do Senado e grande exemplo na defesa da Constituição. Mas todos os pré-candidatos de destaque, como Doria, Moro e Mandetta, foram sendo abatidos e sobrou ela: Simone Tebet (MDB). Ela pode não ser a candidata dos sonhos da terceira via, mas é a única em condições atualmente de se habilitar ao jogo para viabilizar um segundo turno. Isolado, Ciro Gomes já comprovou não ser esse nome. Simone Tebet é a opção para os que não querem nem Lula e nem Bolsonaro, por serem farinha do mesmo saco em matéria de radicalismo e extremismo. Agora, a solução é Tebet.

Tasso

E a chapa de Tebet já está quase fechada. Depois que a Executiva do PSDB aprovou, na quinta-feira, 9, a aliança com o MDB, ficou definido que o vice da senadora será um tucano e, muito provavelmente, o também senador Tasso Jereissati. Antes de dizer sim, o cearense resolveu viajar esta semana para a Europa, onde pensaria melhor.

Conflitos

O problema para a aliança MDB/PSDB reside nos desacordos em alguns estados. O maior impasse está no Rio Grande do Sul. Lá, o candidato ao governo pelo PSDB será Eduardo Leite, mas o MDB insiste no nome do deputado Gabriel Souza. Se o MDB não ceder, a aliança nacional corre risco. A direção do MDB pensa em cortar o fundo eleitoral para os dissidentes.

Foi o que restou

ALEX SILVA

Ele já esteve cotado para tirar Bolsonaro do segundo turno, mas vai acabar disputando uma vaga de deputado federal pelo Paraná. Com a decisão do TRE-SP de cassar seu domicílio eleitoral em São Paulo, Sergio Moro se volta para seu estado. E, lá, a única chance é a Câmara. Para o Senado, teria que enfrentar Alvaro Dias, que tem 80% nas pesquisas. Para disputar o governo, o União Brasil, seu partido, já apoia o governador Ratinho Junior.

Retrato falado

“Ninguém pode esquecer que ocorreu corrupção” (Crédito:Divulgação)

O presidente do STF, Luiz Fux, disse na sexta-feira, 10, que a anulação dos processos da Lava Jato ocorreu por questões formais, mas ninguém pode esquecer que houve corrupção no Brasil. Aqueles R$ 51 milhões apreendidos em um apartamento de Geddel Vieira Lima, em 2017, eram verdadeiros, e o gerente da Petrobras Pedro Barusco devolveu US$ 98 milhões. “Cada ato de corrupção é um colégio que fica sem merenda”, disse o magistrado, em palestra pelos 75 anos do Tribunal de Contas do Pará.

Toma lá dá cá

Celina Leão, coordenadora da bancada feminina na Câmara (Crédito:Paulo Sergio)

O governo quer discutir uma cartilha defendendo investigação dos casos de aborto permitidos por lei. A sra. concorda?
É uma posição muito isolada do Marcelo Queiroga. A informação que recebi da Cristiane Britto, ministra
da Mulher, é que será feito o que está escrito na lei.

Como explicar a rejeição do presidente no eleitorado feminino?
Houve falhas na comunicação. Tivemos avanços durante a gestão. Bolsonaro sancionou leis mesmo ciente de que gerariam gastos, como a que permitiu o afastamento da gestante do trabalho presencial com remuneração integral na pandemia.

A sra. o considera machista?
Se ele fosse machista, eu não o apoiaria. Não adianta ter homens públicos que falam bonito sobre os valores da mulher e depois não sancionam nada.

Empobrecimento recorde

O Brasil de Bolsonaro está deixando a população cada vez mais pobre. Mesmo com a política de transferência de renda, que atingiu valores bilionários, o brasileiro ficou mais pobre em 2021. No ano passado, segundo o IBGE, metade da população (106 milhões de pessoas) sobreviveu com R$ 415 mensais por pessoa — o pior resultado da história. Em 2020, a renda per capita foi de R$ 489 (um pouco melhor). Com o rendimento médio de R$ 415 por mês, isso significa dizer que cada um dos 106 milhões de brasileiros mais pobres sobreviveu com R$ 13,83 por dia. Ou seja, não deu nem para comprar um quilo de tomate. O pior é que esse empobrecimento é maior até mesmo do que em 2012.

Auxílio

A situação só não foi pior porque em 2020 e 2021 o Brasil gastou bilhões com o Auxílio Emergencial. Caso contrário, a tragédia seria sem precedentes. Mesmo assim, a situação dos 10,6 milhões de miseráveis foi calamitosa. Eles sobreviveram com R$ 39/mês. Talvez estejam aí as razões que levarão Bolsonaro à derrota.

Águas passadas

Ainda com mágoa do PT, Marina Silva (Rede) tem dito a amigos que deve apoiar Lula no primeiro turno. O que ajudou a quebrar o gelo com o ex-presidente foi um encontro de ambientalistas em que o petista a classificou como uma “extraordinária” ministra do Meio Ambiente. Ela diz reconhecer que Lula é a melhor chance de derrotar Bolsonaro.

Marcelo Chello

Resistências

Os aliados de Marina só não querem que ela vire vice de Haddad, pois esperam que ela seja candidata a deputada e puxe votos de legenda para a Rede. Embora Marina fosse a vice dos sonhos de Ciro, os caminhos com o PDT estão fechados, sobretudo pela presença de João Santana. Já outra integrante da Rede, Heloisa Helena, não quer papo com Lula. Vai de Ciro.

Pau que dá em Chico, dá em Francisco

Jardiel Carvalho

Na Justiça, deve valer a isonomia. O TRE-SP decidiu rejeitar o domicílio eleitoral de Sergio Moro por entender que ele não tinha vínculo com São Paulo. Se a jurisprudência valer para todos, Tarcísio de Freitas não pode ter o domicílio eleitoral aprovado em São José dos Campos, onde “arrumou” um endereço para disputar o governo paulista. Ele é carioca e nunca foi a Sapopemba. Justiça seja feita.

Rápidas

* A disputa pelo Senado em Brasília provoca uma luta fratricida. Duas bolsonaristas brigam. A ex-ministra Damares Alves (Republicanos) está empatada com a ex-titular da Secretaria de Governo Flávia Arruda (PL). O perigo é que entre elas corre a petista Érika Kokay.

* Ninguém entende por que Michelle Bolsonaro se recusa a participar dos programas da campanha do marido. Os publicitários contavam com isso para reduzir a rejeição dele junto às mulheres (60%), mas ela não se comove.

* Recém-indicado por Bolsonaro para a liderança do governo no Senado, Carlos Portinho já descolou uma viagem a Portugal com todas as despesas pagas. Foi ao Porto para eventos na área esportiva: levou R$ 10,1 mil em diárias.

* Os lamentáveis episódios dos ministros bolsonaristas levam a uma constatação pavorosa. Em 2023, surgirão duas novas vagas no STF. Se Bolsonaro vencer, terá dois novos integrantes na Corte e aí a Justiça ficará de cócoras.