Pesquisadores da University College of London, na Inglaterra, anunciaram na semana passada uma notícia alentadora na luta contra a Aids. Em um artigo publicado na revista científica Nature, eles descreveram o caso da segunda pessoa no mundo curada da doença. O “paciente de Londres”, como ele foi chamado, já que não teve sua identidade revelada, junta-se agora ao americano Timothy Brown, o primeiro a ter sua cura anunciada, em 2008. Ele ficou conhecido como o “paciente de Berlim”, uma vez que foi tratado por médicos alemães da capital germânica depois de ter sido diagnosticado com HIV em 1995, quando estudava no país europeu.

PASSOS O médico Gupta, líder do trabalho, revelou detalhes da pesquisa (Crédito:Carla K. Johnson)

Os dois passaram pelo mesmo procedimento: um transplante de medula óssea, indicado para pacientes com tumor de células sanguíneas. Além de Aids, Timothy tinha leucemia mielóide aguda e o paciente de Londres, linfoma de Hodgkin. Eles não melhoravam mesmo com as sessões de quimioterapia.

Há duas modalidades de transplante de medula óssea (o órgão que produz as células do sangue). A primeira é tirar e recolocar as próprias células do doente depois de passarem por modificações. A segunda é receber uma doação de uma pessoa saudável. Os dois passaram pela última opção. A diferença em relação a outros transplantes do gênero é que as células que Timothy e a pessoa de Londres receberam tinham uma mutação genética rara que torna o indivíduo imune ao HIV, o vírus responsável pela Aids. Chamada de “delta 32”, a alteração impede a fabricação, pelo gene CCR5, da proteína que permite que o vírus se ligue aos linfócitos-T, as células de defesa que o HIV invade e destrói.

Esperança para todos

Timothy e o paciente de Londres não tomaram mais antiretrovirais após os transplantes e não apresentam sinais do vírus. A divulgação da notícia do segundo caso na Nature e em uma apresentação do pesquisador Ravindra Gupta, líder do trabalho, inspirou mais uma vez a esperança de que o caminho aberto pelos dois estudos leve também à cura os 35 milhões de soropositivos existentes no mundo hoje. Porém, é consenso que isso não está garantido e que ainda serão necessárias diversas experiências até que a cura para todos seja alcançada.