Anualmente a instituição britânica de preservação da natureza Whitley Fund premia seis pessoas que se destacam em relação à preservação ambiental no Hemisfério Sul. Em 12 de maio quem recebeu o Whitley Award, que ficou conhecido com o “Oscar Verde” foi o grupo liderado pelo biólogo Pedro Fruet, um dos fundadores da ONG Kaosa e coordenador do Laboratório de Mamíferos Marinhos, em parceria com o Museu Oceanográfico. O trabalho desenvolvido pela equipe de Fruet é direcionado para preservar a vida do simpático boto-de-Lahille. O mamífero está quase desaparecendo do meio ambiente. “Esse animal é raro, existem apenas 600 indivíduos na região do estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, na Argentina e no Uruguai”, diz Fruet. Em águas brasileiras, onde há maior densidade, só existem 120 deles saltando de um lado para outro, entre a água doce e o Oceano Atlântico, alegrando moradores e turistas.

“Esse animal é raro, existem apenas 600 indivíduos nas regiões do estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, na Argentina e no Uruguai”

CUIDADO O biólogo Pedro Fruet analisa a causa da morte do boto: trabalho minucioso rendeu-lhe premiação internacional (Crédito:Divulgação)

O golfinho é capaz de praticar um nado que lembra o balé sincronizado. Ao se relacionar com os humanos, na maioria das vezes demonstra ser dócil, faz gracejos e peripécias feito um bicho de estimação. O trabalho da ONG Kaosa consiste essencialmente em observar e registrar detalhadamente o comportamento do animal. O boto foi eternizado no cinema, por causa da série dos anos 60, Flipper, e depois, 30 anos mais tarde, com o longa-metragem homônimo. O boto-de-Lahille é um pouco diferente em sua estrutura física, mas mantém a mesma média de peso, 400 quilos, de tamanho, 3,5 metros e as mesmas brincadeiras e a inteligência do parente famoso de Hollywood.

Os problemas para a preservação do animal são as colisões com embarcações, poluição ambiental, ruídos no meio aquático e, principalmente, a ação humana predatória. Fruet explica que os pescadores locais desenvolvem seu trabalho no mesmo local em que os botos vivem, por haver mais peixes de consumo humano. Entretanto, para conquistar o seu ganha pão, eles utilizam uma rede artesanal de emalhe que, de forma acidental, acaba prendendo o golfinho, o que causa sua morte. Com a premiação internacional e os holofotes, o trabalho vai aumentar. “Vamos continuar monitorando e criar um grupo de debate com os pescadores”, pontua Fruet. O objetivo do grupo é reduzir, em cinco anos, as mortes do boto-de-Lahille em 40% e aumentar as chances de sobrevivência da espécie.