O caso do ator americano Alec Baldwin, acusado de homicídio culposo pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins no set de gravações do filme Rust em 2021, sofreu uma reviravolta depois que promotores dos Estados Unidos anunciaram que a acusação será retirada.

“Novos fatos foram revelados que exigem mais investigações e análise forense”, afirmaram na quinta-feira (20/04) os promotores especiais Kari Morrissey e Jason Lewis, do estado americano do Novo México. “Dispensaremos, portanto, as acusações de homicídio culposo contra o senhor Baldwin.”

Eles destacaram, contudo, que a decisão ainda não isenta o ator de culpabilidade criminal e que, após as novas apurações, “as acusações poderão ser reapresentadas”.

Segundo uma pessoa familiarizada com a investigação, novas evidências teriam surgido sobre a arma cenográfica que Baldwin usava no set e que, carregada com munição real, foi disparada e acidentalmente matou a diretora de fotografia.

Hannah Gutierrez-Reed, armeira encarregada do protocolo de segurança das filmagens, também foi formalmente acusada de homicídio culposo, que é quando não há intenção de matar, mas o caso dela continua em andamento, afirmaram os promotores.

Em uma declaração na quinta-feira, os advogados de Gutierrez-Reed disseram esperar que “no final deste processo, Hannah também seja exonerada”. Tanto ela quanto Baldwin alegam inocência.

A virada no caso que já dura 18 meses foi anunciada no mesmo dia em que Baldwin e outros membros do elenco de Rust retomaram as filmagens do longa no estado de Montana.

Relembre o caso

Baldwin, de 65 anos, e Gutierrez-Reed, de 25, foram indiciados em janeiro deste ano sob a acusação de homicídio culposo pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins, uma ucraniana de 42 anos.

A tragédia aconteceu em 21 de outubro de 2021, enquanto o ator se preparava para gravar uma cena de Rust, filme ambientado nos arredores de Santa Fé, no Novo México. Baldwin ensaiava com um revólver quando a arma – carregada com munição real, e não bala de festim – disparou. O disparo matou Hutchins e feriu o diretor do longa-metragem, Joel Souza.

Baldwin, que também é produtor do filme, alegou que foi informado de que a arma era “fria” – ou seja, não tinha munição real – e disse que ela disparou acidentalmente, negando que tenha puxado o gatilho. Mas um relatório forense do FBI apontou na época que a arma não poderia ter disparado a menos que o gatilho tivesse sido puxado.

O ator foi inicialmente acusado de mostrar um desrespeito “imprudente” em relação à segurança durante as filmagens. Segundo os promotores, vídeos mostram Baldwin com o dedo no gatilho minutos antes do incidente.

Investigadores também apontaram que Baldwin estava “distraído e falando em seu telefone celular com sua família” durante uma sessão de treinamento com armas de fogo.

“Ele só participou do treinamento por cerca de 30 minutos, embora a sessão estivesse programada para durar pelo menos uma hora ou mais”, escreveram eles, que também alegaram que Baldwin, como produtor do filme, falhou ao decidir trabalhar com Gutierrez-Reed, uma armeira inexperiente.

As investigações, contudo, ainda não foram capazes de determinar como as munições reais chegaram até o set de filmagens.

O que mudou agora?

Segundo uma fonte com conhecimento do caso, novas evidências descobertas na semana passada mostraram que a arma usada por Baldwin – uma reprodução do revólver Colt .45, também conhecido como Peacekeeper – teve partes adicionadas a ela depois de sua fabricação pela fabricante italiana de armas Pietta.

“Foi definitivamente modificada, o que compromete todo o argumento de que a arma estava em plena forma operacional e só poderia ter sido disparada se Baldwin puxasse o gatilho”, disse a fonte.

Em fevereiro, os promotores já haviam retirado a acusação mais grave contra Baldwin e a armeira Gutierrez-Reed, de posse de arma de fogo, que agravava o crime e poderia levar a uma pena de prisão de cinco anos. Sem esse agravante, o crime de homicídio culposo pode acarretar uma pena de até 18 meses.

(Reuters, AP, Lusa)