Estrelando seu primeiro filme solo, Aquaman está em busca de redenção. Não no longa de James Wan, mas na cultura pop como um todo. Criado por Paul Norris e Mort Weisinger, o herói estreou na revista More Fun Comics, em 1941. Em plena 2ª Guerra Mundial, Aquaman defendia um navio com refugiados e médicos contra um submarino alemão. Não tardou para que ganhasse uma publicação própria e, em 1960, fosse um dos membros originais da Liga da Justiça.

Surgido como um herói de primeiro escalão, Aquaman começou a cair em descrédito com suas aparições na TV. Os peculiares poderes de comunicação com vida marinha, sobrevivência subaquática e aptidão para o nado contrastavam com as habilidades sobre-humanas esbanjadas por Superman e seus amigos. Foi nessa época que as primeiras piadinhas maldosas sobre a (in)utilidade do herói surgiram.

Em vez de sair em defesa de sua criação, a DC parece ter abraçado essa ridicularização. O seriado infantil Superamigos (1973-1986), com um tom menos violento e mais humorístico – quem não se lembra dos Supergêmeos e o dom de assumir formas de animais e baldes d’água? – deixou o Aquaman duramente estigmatizado diante de um público maior que o dos quadrinhos. Depois disso, o herói perdeu espaço e passou a ser tratado como um alívio cômico nas sagas da DC.

Na contramão, alguns quadrinistas tentaram resgatar a aura mítica do Rei de Atlântida com histórias de apelo mais dramático. Dois exemplos marcantes dessas tentativas são uma série de quatro volumes escrita por Neal Pozner em 1986, que mostra o personagem em um uniforme azul desenhado por Craig Hamilton; e a nova origem do herói recontada por Peter David, responsável pelo personagem na segunda metade dos anos 1990.

Apesar disso, demorou muito para que essa tendência das HQs se infiltrasse em outras mídias. Finalmente, o herói que virou piada recorrente na cultura pop reconquistou seu status perante o público geral após a escalação do havaiano durão Jason Momoa para interpretá-lo no universo compartilhado da DC no cinema. Com o lançamento de Aquaman, a empresa sinaliza que pode resgatar o brio de seus heróis menos prestigiados, já que Shazam estreia em 2019 e o Homem-Borracha está cotado para estrelar um filme solo em breve.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.