O presidente dos EUA, Joe Biden, deveria estar comemorando o fato de o ex-procurador e hoje advogado Robert Hur tê-lo isentado de responsabilidade por manuseio indevido e ilícito de documentos confidenciais. Deveria, mas não está. Biden avalia que ficaria melhor para seus planos de reeleição se tivesse sido até indiciado na Justiça do que carregar os rótulos que Hur lhe colou para eximi-lo de culpa. O relatório registra que Biden é um “homem idoso e bem intencionado com memória fraca” e tinha “faculdades reduzidas por conta da idade avançada” (81 anos). Quem está rindo é o ex-presidente Donald Trump. Especialistas norte-americanos já dão como certa a decisão da Suprema Corte de deixá-lo concorrer novamente à Casa Branca, não vendo na invasão do Capitólio, que ele teria organizada, impedimento para sua candidatura. Detalhe: não é somente a maioria conservadora do tribunal que está pesando a seu favor. Mesmo os magistrados liberais acham que Trump possui constitucionalmente direito de ser candidato se o Partido Republicano indicar o seu nome.

CULTURA
A música enquanto crônica

A raiva de Biden. A alegria de Trump
Noel Rosa: sem dar glamour à malandragem

Imaginava-se que a obra de Noel Rosa já estava esmiuçada em todos os seus ângulos. Isso até o grupo Brasov lançar nas plataformas digitais o perfeito álbum Brasov Noel. É uma questão de olhar, e o disco olha para o Noel essencialmente cronista – característica, aliás, de nossos melhores compositores (basta ouvir Orestes Barbosa, Paulo Vanzolini, Assis Valente e Chico Buarque). Crônicas de um tempo são histórias, e histórias guardam as próprias músicas como retrato de uma época. O álbum é enriquecido com a participação de outros artistas: Zélia Duncan (“Com mulher não quero mais nada”), Pedro Miranda (“Com que roupa?” ), Jards Macalé (“Onde está a honestidade?”). É tão atual que vale citar uma passagem: “E o povo já pergunta com maldade, onde está a honestidade, onde está a honestidade?”. Destaque também para a música (essa triste) intitulada “Pra que mentir” — A banda Brasov deu-lhe ares de tango. Noel denunciou a hipocrisia, enalteceu a boemia, valorizou a paixão, aflorou os encantos do Rio de Janeiro dos anos 1930 sem dar glamour à malandragem (“malandro é palavra derrotista/ que só serve para tirar/ todo valor do sambista). Excelente a vinda da Brasov para tão bem nos mostrar o cronista Noel.

JOGOS OLÍMPICOS
Bem mais que medalhas

A raiva de Biden. A alegria de Trump
Emmanuel Macron: gestão que ficará marcada também pela festa do esporte (Crédito:Sarah Meyssonnier)

Como ocorre em todos os Jogos Olímpicos, também os de Paris terão medalhas de bronze, prata e ouro. Isso é óbvio! Há, no entanto, um diferencial que tornará inesquecível a premiação nessas Olimpíadas: as medalhas, não importando se correspondem ao primeiro, segundo ou terceiro lugares, todas elas terão em uma das faces um hexágono de ferro. E tal ferro será retirado de um dos maiores monumentos do mundo: a Torre Eiffel. Nesse hexágono estará gravado o logotipo de Paris-2024. No total serão concedidas cinco mil e oitenta e quatro medalhas. O anúncio de tal distinção (e sofisticação histórica) foi feito pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O início dos Jogos está agendado para 26 de julho.

A raiva de Biden. A alegria de Trump
Ouro com hexágono de ferro retirado da Torre Eiffel: história e sofisticação (Crédito:Matthieu Mirville )

FORÇAS ARMADAS
Nunca o mundo gastou tanto na área militar

A raiva de Biden. A alegria de Trump
Ucrânia: a Rússia é vice-líder do ranking dos países que apresentam maiores gastos militares (Crédito:Bulent Kilic)

Dados divulgados em Londres, na semana passada, pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS): no campo militar, abrangendo todo o mundo, os gastos dispararam em 2023 e atingiram o maior patamar da história moderna (descontando-se a Primeira Guerra (1914-1918) e a Segunda (1939-1945). No ano passado, o gasto militar global em arsenais, segundo o IISS, foi de US$ 2,2 trilhões, valor que supera, por exemplo, o PIB nominal brasileiro que é de US$ 2,1 trilhões. Os EUA dispuseram em 2023 de 41% do que se gastou em confrontos no planeta. Não é difícil adivinhar quais países estão em segundo e terceiro lugares: China e Rússia, respectivamente, com 10% e 5%. Quanto ao Brasil, que está na 14ª posição, 80% das despesas militares correspondem à folha de pagamento (para o pessoal da ativa e da reserva).