Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Mário da Silva Velloso foi o entrevistado da live de ISTOÉ, nesta terça-feira (24). O advogado fez um panorama do cenário político nacional e que acabam desembocando na Suprema Corte.

Velloso, que é contra a ideia de uma consulta popular para reescrever a Constituição, reagiu à ideia do líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP), de que o Brasil ficou “ingovernável” e que é preciso mudar a Constituição.

“É uma manifestação pessoal e leviana. Absurdo dos absurdos”, considerou.

Para ele, a comparação com a situação chilena, que o povo optou por fazer uma nova Carta Magna, é descabida. Ele entende que no Chile, justificava-se o plebiscito, pois tinha-se uma Constituição do tempo da ditadura de Pinochet e a Constituição Brasileira de 1988 veio justamente na democratização do Brasil.

Velloso também lembrou que o Chile, com o plebiscito, está fazendo o que o Brasil fez em 1987/1988.

“Só se muda a Constituição em situações que induzam a necessidade de mudanças. O que não é o caso do Brasil. Nós temos uma Constituição moderna e boa”, avalia.

O advogado, que também presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foi durante sua permanência na direção do TSE que entrou em vigor o voto eletrônico no Brasil, disse  conversa que a polêmica de colocar sob suspeição a credibilidade das urnas eletrônicas é um retrocesso.

“É uma pena que tenhamos pessoas vivendo do atraso. O voto eletrônico veio para eliminar fraudes”, afirma.

Para ele, essa polêmica surge como uma tentativa de desacreditar o regime democrático. No entendimento do ex-ministro,  existem verdadeiras milícias digitais com intuito de despertar dúvidas na população sobre a perfeição do sistema. “A quem interessa  desacreditar o regime democrático, a democracia?”, questiona.

Ainda no campo das pautas polêmicas, Velloso falou sobre o combate à corrupção: “vejo com muita tristeza se houver o enfraquecimento das operações de combate à corrupção”, disse.

O ex-ministro do STF também comentou sobre a politização das vacinas contra o novo coronavírus e uma possível intervenção do Judiciário do caso.

“Politizar uma questão científica é horrível. Um século de atraso. Vacina quer dizer saúde, quer dizer vida”, conclui.