Nesta quinta-feira, 24, comemora-se o dia de São João, em que, de Norte a Sul do País, realizam-se festas juninas, com as tradicionais quadrilhas. Este ano, em especial, haverá quadrilhas organizadas nos Palácios do Planalto e do Alvorada. Sinhô Bolsonaro já está ensaiando os passinhos para o arraial, que desta vez terá o patrocínio da Covaxin, a vacina indiana que está levando o presidente a dançar miúdo na CPI da Covid. Desde que assumiu, esta é a primeira vez que o mandatário se vê envolvido em denúncias de corrupção de forma direta. A CPI já tem indícios comprovando que o presidente mandou comprar o imunizante da Índia antes mesmo da Anvisa autorizar sua importação. E, pior, por preços superfaturados em 1.000%, por um produto que ainda não foi entregue e que possivelmente nunca o será, dado que a empresa Precisa Medicamentos já vendeu, há três anos, remédios para o governo, por R$ 20 milhões, e jamais o entregou os produtos farmacêuticos ao Ministério da Saúde.

E a quadrilha está formada: “olha a vacina!”, grita Bolsonaro, puxando a fila dos caipiras. “É mentira”, responde Renan, que não foi convidado para a festança, mas que já está esquentando a chapa para o presidente, que começa a pular a fogueira. É possível que no relatório final da CPI, Renan responsabilize Nhô Bolsonaro pela lambança. E quem introduziu o presidente na quadrilha do São João palaciano foi nada mais, nada menos, que o deputado bolsonarista Luiz Miranda (DEM-DF), que avisou o presidente de que a compra da Covaxin por R$ 1,6 bilhão, em março, era irregular e que ia deixar o mandatário na chuva. Miranda, inclusive, documentou as advertências feitas a Bolsonaro, enviando uma mensagem de WhatsApp a um dos assessores da quadrilha de São João. “Avise o presidente que está rolando um esquema de corrupção pesado na aquisição das vacinas dentro do Ministério da Saúde. E o assessor presidencial respondeu: “Sacanagem da porra…a pressão toda sobre o presidente e esses FDPs roubando!”. Ao que Miranda retrucou. “Não esqueça de avisar o presidente. Depois não quero ninguém dizendo que eu implodi a República…Já tem PF e o caralho no caso. Ele precisa saber e se antecipar”. E o que fez Bolsonaro? Preferiu dançar a quadrilha de São João e nada vez para evitar a compra suspeita e com fortes indícios de corrupção.

Ao invés de mandar apurar o caso e punir os envolvidos, Bolsonaro preferiu determinar investigações contra o deputado e seu irmão, Luiz Ricardo Miranda, funcionário do Ministério da Saúde e que estava sendo pressionado a compactuar com o escândalo. Agora, os irmãos Miranda estão no meio da chuva e ameaçados de serem jogados à fogueira da quadrilha que está sendo pulada no Planalto. Eles já pediram proteção policial e temem ser mortos. Nesta sexta-feira, o deputado, inclusive, promete implodir todo o esquema em um bombástico depoimento na CPI da Covid. Esse pode ser o início do fim de um governo que assumiu pregando o combate à corrupção, mas que agora deixa digitais criminosas por toda a Esplanada. Um dos integrantes do grupo, Ricardo Salles, foi o primeiro a deixar a dança das cadeiras do arraial. Agora, falta o chefe.