O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab foi o entrevistado da live de Istoé na sexta-feira (31). Na conversa com o diretor de redação da revista, Germano Oliveira, ele, que é considerado pela imprensa como “conselheiro do presidente”, falou sobre seu relacionamento no Palácio do Planalto, avaliou como o governo federal está lidando no enfrentamento à crise sanitária.

“Eu acredito na ciência, no saber médico. Não há governo que possa ser respeitado que não saiba que saúde e educação são prioridades. O Brasil felizmente nas últimas décadas investiu e fortaleceu muito o SUS. Se não fosse isso, teríamos tido um sofrimento muito maior. Mostrou-se a importância, e daqui para frente, de valorizar mais as políticas públicas”.

Observador atento do cenário político, Kassab disse que o comportamento do presidente Bolsonaro tem sido errático durante a pandemia do Coronavírus. “A postura do presidente é equivocada e ele não dá um bom exemplo”, avalia.

Kassab preside o PSD, agremiação que ele fundou e soma 12 senadores e 35 deputados Federais. Desde que foi criado, a legenda já esteve na base aliada de quase todos os governos.

“Procuro transmitir as nossas convicções, as nossas verdades, aquilo que acredito ao presidente, sempre apostando no diálogo. Sem diálogo, as dificuldades se tornam muito mais expressivas e as soluções demoram muito mais para surgir”, entende.

“Felizmente nos últimos tempos, o presidente Bolsonaro tem tido uma postura mais conservadora, mais tranquila. Eu não sei se nas poucas vezes que ele falou comigo, serviu para que ele pudesse se posicionar de forma mais tranquila. Ele melhorou bastante a sua postura como presidente”, diz.

Para Kassab, as crise simultâneas que o Brasil atravessa – sanitária, econômica e política – requer a atuação de bombeiros e não incendiários.

“Acredito na conciliação. Parece que tem dado certo, o país está mais calmo, as pessoas estão refletindo mais sobre seus problemas e com isso as soluções vão aparecer com mais rapidez”, entende.

Na avaliação do ex-prefeito, a crise sanitária, em função do novo coronavírus, levará a consequências graves para a economia que desembocará numa crise econômica sem precedentes. Para ele, no momento de crise o país precisa adotar políticas públicas que protejam as micro e pequenas empresas.

“Protegê-los é proteger o emprego. Vejo com muita preocupação essa falta de percepção de alguns da equipe econômica que não entendem a importância de políticas públicas. A equipe econômica do governo tem que ter uma sensibilidade para ver que o investimento social é muito importante social para preservar o emprego, a renda. Infelizmente, essa não é a história das pessoas que hoje nos comandam”.

“O governo tem sido muito lento nas tomadas de decisões e o Congresso tem sido mais sério e mais ágil. O quadro é muito preocupante. Nós vamos ter um impacto negativo muito grande. Nós não chegamos ainda no fundo do poço. Essa crise vai nos levar a uma instabilidade social muito grande. Essa pandemia mostrou que não existe mais Estado enxuto, tem que se investir em educação, saúde, segurança e infraestrutura pública. Não podemos conviver com trinta milhões de indigentes que não tem recurso nem para levar comida para boca de seus filhos. Tenho certeza que com bastante força e criatividade, nós vamos encontrar um ponto em comum”, finaliza.