Primeiro ele tentou que o Poder Legislativo aprovasse seu projeto de lei flexibilizando radicalmente as normas legais para compra, porte e posse de armas de fogo no Brasil. Conseguiu parte de seu objetivo, cresceu o índice de armamentos circulando, mas em número muito aquém ao que ele desejava. Sob o idiota slogan de que “o povo armado não é enganado”, ele achava que os parlamentares se deixariam ludibriar.

Estava claro que o objetivo era o de armar o maior número de seus apoiadores, entre eles milicianos, para montar uma espécie de guarda pretoriana disposta e defendê-lo e a lutar quando lhe viesse a certeza de que chegara o momento de dar um golpe de Estado para se eternizar no poder. O plano armamentista fracassou.

Nada de desistir, ele tentou então instaurar a insubordinação e a decorrente quebra de hierarquia entre os policiais militares. Não conseguiu, como vimos no Sete de Setembro: em todo o País, a PM cumpriu sua função de policiar, não de agitar.

Mais uma vez, nada de desistir. Só que agora a coisa ficou ridícula. Ele, e já é hora de nomeá-lo, embora eu creia que nem seja preciso dar o seu nome, quer que seja votado com urgência um projeto de lei que altera a Lei Antiterrorismo, de 2016.

Alterá-la como? Criando a Autoridade Nacional Antiterrorista, uma espécie de exército privado financiado e mantido de forma patrimonialista com o dinheiro público. Sob o pretexto de combater o terrorismo, ficaria ela diretamente sob o seu comando e o comando do Gabinete de Segurança Institucional.

Ou seja: caso ele cisme mesmo de dar um golpe no período que vai da derrota nas urnas em 2022 à posse do próximo presidente da República, ele teoricamente contaria com essas tropas. E tentaria ficar bem na foto, como grande zelador da paz brasileira, disfarçando essa força militarizada no invólucro do antiterror.

No Brasil, as ações de segurança pública são de responsabilidade dos estados. Ou seja: a sua proposta de criação de um exército paralelo para combater o terrorismo (do qual, graças a Deus, nós não somos vítimas) desmonta de forma inconstitucional a pacto federativo.

De tudo dito acima conclui-se: ele precisa de uma lei contra ele mesmo.

Ele é o terrorista. E quer criar uma polícia política. Ganha a carcaça de um tanque de guerra velho, quebrado e queimado quem acertar o nome e disser quem é ele.