Uma antiga disputa entre gregos e ingleses volta ser a pauta do dia. A questão está relacionada à posse de esculturas e outras relíquias que fizeram parte do Partenon, no passado, mas que há cerca de duzentos anos estão alocadas no Museu Britânico de Londres. O certame envolve setenta e cinco metros de frisos, quinze painéis de mármore e dezessete esculturas. O Partenon é a principal edificação histórica e turística da Grécia, está localizada há mais de 2.500 anos na Acrópole, no centro da cidade de Atenas e é o endereço legítimo das peças.

A discussão voltou à baila recentemente em reunião da UNESCO, órgão da ONU dedicado à educação, ciência e cultura, realizada em Paris, na França. Na ocasião, Jonathan Williams, um dirigente do museu londrino, disse em tom de deboche, “a maior parte das molduras havia sido retirada do lado de fora do Partenon”. Bastou para enfurecer os gregos. Na verdade, os ingleses adquiriram as esculturas de forma suspeita junto ao Império Otomano em 1806, época em que os turcos regiam a Grécia. O responsável pela aquisição foi o diplomata Thomas Bruce Elgin, que entrou para a história como Lord Elgin pelo feito. O próprio governo do Reino Unido se coloca contra a devolução. Boris Johnson, primeiro-ministro inglês, chegou a dizer que a propriedade é legal, pois Elgin conquistou os objetos sob as regras do período.

Um dos motivos para que os ingleses não admitirem a devolução, é que outras nações poderiam fazer o mesmo pedido, já que o museu tem obras de diversas partes do mundo. “Além disso, falta peso político aos gregos na mesa de negociação”, afirma o historiador Rodrigo Rainha. A pessoa que mais se empenhou em trazer de volta ao Partenon parte de sua arte foi Melina Mercuri (1920-1994). Cantora, atriz e ex-ministra da Cultura do país, certa vez, ela respondeu com agudeza à imprensa britânica: “Os mármores existem porque vocês os salvaram e os protegeram? Ok. Agradecemos. E, agora, por favor, devolva-os”. A peleja lhe rendeu apoio internacional. No entanto, os periódicos londrinos ainda se referem aos monumentos gregos como “mármores de Elgin”.