NAUFRÁGIO Estátua ficou por 67 anos imersa na costa uruguaia (Crédito:Divulgação)

Um dos primeiros duelos navais entre Alemanha e Reino Unido na Segunda Guerra Mundial ocorreu em águas latino-americanas. A Batalha do Rio da Prata, ocorrida perto de Punta Del Este, no Uruguai, dizimou mais de 100 pessoas após intensos combates entre o veloz navio alemão Graf Spee e três cruzadores britânicos. O encouraçado alemão terminou afundado na Baía de Montevidéu por ordem de seu próprio capitão, Hans Langsdorff, que temia que os ingleses se apoderassem de sua tecnologia. Junto dele, na popa do navio, o maior símbolo do poder nazista, uma águia de bronze com mais de dois metros de altura e quatrocentos quilos de peso, carregando sob suas garras uma suástica, ficou sob as águas por 67 anos – até ser encontrada e resgatada por uma empresa privada em 2006.

Mas esse só foi o começo de uma verdadeira luta internacional que vem sendo travada. Alfredo Etchegaray, uruguaio que promoveu a missão de recuperação da peça, queria leiloar o artefato – estima-se que o valor da águia poderia chegar aos US$ 50 milhões (R$ 270 milhões) –, mas as autoridades uruguaias cancelaram os planos por suspeitas de que a estrutura poderia atrair simpatizantes do nazismo. A disputa foi parar na Justiça e um tribunal de apelações confirmou, em dezembro, que o Estado deve vender a escultura e entregar metade do dinheiro obtido aos resgatistas privados.

Com a decisão, as preocupações sobre o futuro da estátua voltaram. O Simon Wiesenthal Center, organização judaica de direitos humanos que investiga o Holocausto e o ódio em contextos históricos e contemporâneos, afirma que objetos desse tipo podem ser adquiridos por pessoas que queiram deixá-la trancada em casa, ou museus que podem expor a destruição causada pelo nazismo. Um empresário argentino, porém, pensou em outro destino para a águia: ele quer gastar milhões para destruí-la e evitar que se torne objeto de culto para supremacistas brancos. Pode ser uma boa ideia.