A pandemia começa a dar sinais de que está se enfraquecendo em solo brasileiro. Já se pode andar sem máscaras nas ruas e em lugares públicos, ação que até poucos meses atrás era impossível e, quase, incerto de retorno. O que parece que não dá uma trégua são os negacionistas. Esses, ao contrário da pandemia, parece que aglomeram-se e proliferam-se.

Um novo estudo realizado no Brasil e publicado pela revista The New England Journal of Medicine dá um basta em qualquer falácia de negacionista que ainda teima em dizer que a vacina não funciona ou que outros medicamentos, como a cloroquina e até mesmo a Ivermectina, usadas em excesso por milhares de brasileiros, e apoiadas pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, continuam sendo prescritos.

Segundo a pesquisa, a Ivermectina, elixir dos deuses para bolsonaristas, não funciona contra a Covid. Sim, há inúmeras pesquisas que mostram e falam a mesma coisa, mas mesmo assim ainda há um contingente de pessoas que lota as redes sociais, e páginas oficiais de saúde, para destilar ódio contra a ciência. A pesquisa, feita por autores da PUC-MG, da Universidade Federal de Ouro Preto, da Universidade de Minnesota e outras instituições, ainda mostra que o antiparasitário não diminui risco de internação por Covid, não aumenta a velocidade de recuperação e nem reduz o tempo no hospital ou risco de morte.

A pesquisa foi realizada em mais de três mil pessoas – pacientes com alto risco de desenvolver Covid-19 grave, com doenças confirmadas e menos de sete dias desde o início dos sintomas. O resultado foi o mesmo de outras grandes pesquisas feitas internacionalmente com metodologias mais robustas. Nem em subgrupos participantes ou em determinada faixa etária com doenças preexistentes foi encontrado algum benefício no uso dessa medicação.

“Entre os achados mais notáveis, aqueles que começaram a tomar ivermectina mais cedo (0 a 3 dias após o início dos sintomas de Covid) não se saíram melhor. Na verdade, tiveram evolução pior do que os que tomaram placebo”, revelou o pesquisador da Universidade de Minnesota e um dos autores da pesquisa, David Boulware.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também não recomenda ivermectina fora de testes clínicos, justamente pela falta de dados disponíveis – ainda mais para uma doença mortal, que ainda muito pouco sabe-se sobre ela. O pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC-MG), Gilmar Reis, é esperançoso com o resultado e afirmou esperar que as pessoas “parem de consumir ivermectina”.

Isso cessará e calará os negacionistas? Provavelmente não. Eles acharão alternativas e condições para que o suposto tratamento funcione. Os cientistas também acham incerto que as fake news parem. “Suspeitamos que haverá mais críticas afirmando que o nosso regime de administração foi inadequado”, afirmam. E a ciência mais uma vez sai desacreditada, mesmo creditando e comprovando com resultados. A ignorância, infelizmente, ainda tem saído vencedora em alguns casos, sobretudo por orquestração dos insanos bolsonaristas.