MODERNIDADE A Torre Mata Atlântica, de Jean Nouvel: celebração da natureza (Crédito:Divulgação)

As diárias de R$ 7,5 mil podem soar impeditivas, mas o Rosewood São Paulo, o primeiro empreendimento a ser inaugurado no complexo da Cidade Matarazzo, foi concebido para atender a todos – ou quase todos. Tanto os restaurantes quanto um de seus bares são abertos ao público, bem como a antiga capela Santa Luzia, de 1922, que realiza missas dominicais para até 180 pessoas.

Localizada ao lado da Avenida Paulista, a Cidade Matarazzo engloba dez edifícios tombados em um terreno de 30 mil metros quadrados. O projeto de R$ 2,7 bilhões de autoria do arquiteto francês Alexandre Allard deve ser finalizado até 2024 e abrigará, ao todo, 11 prédios. Além do hotel, estão previstos um shopping, outros bares e restaurantes, uma galeria de arte e um parque. A depender do sucesso do Rosewood São Paulo, o local será um divisor de águas, não só dentro do segmento de luxo, mas também na vida cultural paulistana. Os restaurantes Le Jardin, Blaise e Taraz, por exemplo, já começam a virar referência de alta gastronomia, assim como o bar Rabo di Galo, que oferece quitutes populares repaginados e coquetéis – a preços que podem chegar a R$ 4.700. Isso não parece ter espantado o público, que chega a esperar até três horas para desfrutar de um happy hour elegante, com ares de gala, em ambiente inspirado nos clubes de jazz norte-americanos dos anos 1930.

Os petiscos do bar têm chamado a atenção dos foodies, apreciadores da alta gastronomia. Principalmente a releitura do bolovo, bolinho frito com ovo cozido, batizado de Bolove. Com frango e caviar, custa R$ 135 a unidade. Para acompanhá-lo, que tal uma garrafa do uísque escocês The Macallan M, por R$ 13 mil? Há opção também por drinques autorais do local, criados pela chef de mixologia Ana Paula Ulrich, a partir de R$ 65. Não há acesso aos bares Belavista Rooftop Pool e o The Emerald Garden Pool: são exclusivos para os hóspedes.

“O hotel é feito para os brasileiros e recebe a todos. Nós esperamos que não seja um lugar para ser visitado uma vez por ano, mas semanalmente, seja para um drink ou um café, um evento ou até mesmo um encontro”, afirma o gerente geral Edouard Grosmangin.

Tradição

O hotel, que abriu as portas em janeiro com 46 dos 160 quartos previstos, ocupa o prédio onde funcionava a
Maternidade Condessa Filomena Matarazzo, erguida em 1943 e idealizada pelo Conde Francesco Matarazzo, imigrante italiano e um dos principais industriais do século 20. Ao lado, está sendo erguida a Torre Mata Atlântica, imponente projeto do arquiteto francês Jean Nouvel que se destaca dos outros prédios por seu visual moderno e que celebra a natureza. As suítes foram projetadas pelo designer Philippe Starck e oferecem mimos que podem ser levados para casa pelos hóspedes, como sandálias Melissa customizadas especialmente para o hotel. Apesar de sua proposta gigantesca, Grosmangi acredita que o sucesso do Rosewood está nos detalhes, entre eles os belos jardins, a biblioteca de arte, os terraços e a capela. “A diversidade dos restaurantes e bares e o alto nível de finalização”, explica, fazem parte do conceito “Sense of Place”, experiência exclusiva que conversa com a cultura do país onde a rede está inserida. “Esse segmento costuma ser o setor menos afetado pelas crises, e o que se recupera com maior rapidez. São Paulo tem demanda por quartos e ofertas desse nível. Aqui a procura por suítes mais amplas é maior que a oferta atual.” A crise mundial, pelo jeito, passa bem longe do mercado de luxo.

Pequenos detalhes que fazem a diferença