O fim do recesso do Judiciário, no início de agosto, promete aumentar a pressão sobre Bolsonaro na Justiça Eleitoral. Estão nas mãos do corregedor-geral do TSE, ministro Luís Felipe Salomão, duas ações que pedem a cassação da chapa presidencial eleita em 2018 e que devem ser apreciadas pela Corte no segundo semestre. As ações, propostas pelo PT, apuram o uso de impulsionamento ilegal de propaganda por meio do WhatsApp na campanha Bolsonaro/Mourão, que teria sido patrocinado por empresários bolsonaristas. Salomão analisará ainda os indícios de crimes coletados pelo ministro Alexandre de Moraes nos inquéritos dos atos antidemocráticos para saber se há ligações entre os financiadores do movimento contra a democracia e os que pagaram os disparos em massa na mídia digital.

Fraudes

O ministro do TSE também é responsável pelo procedimento que investiga as declarações de Bolsonaro de que teria havido fraudes nas eleições. Salomão notificou o presidente para que ele apresente as provas, e o prazo termina em agosto. Caso o mandatário não comprove as acusações, poderá ser responsabilizado no âmbito da Justiça Eleitoral.

Urnas

Uma das falácias apresentadas por Bolsonaro é que as urnas eletrônicas não são seguras. Ameaçou até golpear as instituições democráticas para garantir a volta do voto impresso. Ocorre que a grande maioria dos parlamentares, inclusive de sua base aliada, não deseja esse retrocesso. A proposta será sepultada na Câmara no próximo dia 5.

Tiro pela culatra

Edilson Rodrigues

Flávio Bolsonaro filiou-se ao Patriota depois de combinar com o então presidente, Adilson Barroso, que levaria o pai para a legenda, pela qual disputaria a reeleição. O clã mandaria na agremiação. Ocorre que Barroso foi destituído, com o aval do TSE, e o novo presidente, Ovasco Resende, diz que a história não é bem assim: quem manda é ele. Bolsonaro está sem partido por não ter conseguido dobrar o PSL.

Retrato falado

“Meu irmão sabe mais coisas, mas está com medo” (Crédito:DIDA SAMPAIO)

O deputado Luis Miranda afirmou à ISTOÉ que ainda tem “muita coisa para explodir” no Ministério da Saúde, como contratos sem licitação e produtos comprados e não entregues. Ele e seu irmão Luis Ricardo, funcionário da autarquia, denunciaram a Bolsonaro um grande esquema de corrupção no órgão, mas o presidente não mandou a PF investigar, o que, segundo a CPI, é crime de prevaricação. “Pensávamos que estávamos matando uma vespa, mas por trás da vespa tinha um vespeiro.”

Crise na indústria

A escassez de matéria-prima que está paralisando a produção de várias empresas brasileiras, especialmente no setor automobilístico, é uma demonstração de como a desindustrialização e a dependência externa por itens mais sofisticados está afetando a expansão da economia. Pesquisa feita pelo Ibre, da FGV, constatou que 52,4% delas sentem a falta de insumos, sobretudo de chips semicondutores. A ausência desses produtos no mercado já impediu a fabricação de 120 mil veículos e várias montadoras estão com as linhas de montagem paradas, ameaçando o emprego de milhares de pessoas. A crise atinge também a indústria de eletroeletrônicos, computadores, tablets e celulares.

Recuperação

O desabastecimento prejudica não só a recuperação da economia, mas atinge, principalmente, os projetos de investimentos de longo prazo feitos pelas organizações. Segundo os empresários, o problema poderá ser resolvido até o final do ano, mas 25,5% estimam que o quadro só estará normalizado em 2022.

Milícias digitais

A delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, da PF, deu início na sexta-feira, 16, ao inquérito que vai investigar uma organização criminosa que usou as mídias digitais para atacar a democracia e o Estado de Direito. Ela vai compartilhar as informações do inquérito 4781 que apurou “fortes indícios” na prática de crimes nos atos antidemocráticos.

Divulgação

Bolsonaristas

Entre os suspeitos de envolvimento com a organização estão agentes públicos e deputados bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro, ia Kicis e Daniel Silveira, que cumpre prisão domiciliar. Serão investigados também os integrantes do chamado “gabinete do ódio” e o blogueiro Allan dos Santos, do site “Terça Livre”, recentemente banido do YouTube.

CPI da ostentação

Marcos Oliveira

Os senadores governistas na CPI da Covid mostram grande afinidade quando se trata de exibir suas preferências por relógios. Marcos Rogério (DEM-RO) foi flagrado em uma das sessões da comissão com um Rolex Daytona, avaliado em R$ 200 mil. Já Ciro Nogueira (PP-PI) postou fotos na sua rede social usando um Richard Mille RM011, com preço estimado em R$ 800 mil.

Rápidas

* Depois de tê-lo preterido para o Supremo, Bolsonaro indicou ao Senado na terça-feira, 20, o nome de Augusto Aras para novo mandato na PGR. Não foi surpresa, pois Aras fez de tudo para merecer a recondução: em dois anos, mostrou submissão total ao mandatário.

* Apesar de permanecer isolado em sua casa por conta da Covid, João Doria não parou de trabalhar. Acompanhou as ações do governo, fez inúmeras reuniões por videoconferência e até de inaugurações virtuais participou.

* A família Bolsonaro quer ampliar seus domínios no Congresso. Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, sobrinho do presidente, acaba de se filiar ao Partido Liberal de Valdemar Costa Neto para ser candidato no ano que vem.

* O empresário Josué Gomes da Silva, eleito recentemente para a presidência da Fiesp, só assumirá o cargo em janeiro. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, ele substituirá Paulo Skaf, que ficou 17 anos no posto.