Depois de oito anos sem material inédito, Bob Dylan está de volta com uma viagem no tempo. Uma jornada bela e melancólica rumo, especificamente, a 22 de novembro de 1963, fatídica data em que o presidente norte-americano John F. Kennedy foi assassinado em Dallas.

Com quase 17 minutos de duração, “Murder Most Foul” (“O Assassinato Mais Vil”, frase tirada de ‘Hamlet’, de Shakespeare) é mais um poema épico do que uma canção. Nada diferente do que Dylan fez ao longo da carreira – o compositor sempre foi muito mais um letrista do que um músico. Dylan é um bardo pós-moderno, que nos brinda há 58 anos com sua visão única da realidade por meio da voz tão anasalada quanto inconfundível. Não é à toa que foi o único músico a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura nos últimos 100 anos.

Dylan canta a melodia de “Murder Most Foul” acompanhado por um tímido trio de piano, bateria e violino. Sua nova viagem lírica não nos leva apenas a Kennedy, mas aos tempos áureos da Beatlemania, do flower power, da luta contra o racismo. Uma época em que o jovem Robert Zimmerman havia acabado de deixar Minneapolis para tentar a vida em Nova York, onde se tornou “Bob Dylan”.

“Lembranças aos meus fãs e seguidores com gratidão por todo o apoio ao longo dos anos. Esta é uma canção inédita gravada há algum tempo, acho que vocês podem achar interessante”, diz sua nota. Aos 78 anos, Dylan volta à época em que tinha 22. A voz continua igual, mas o olhar desafiador que o tornou famoso deu lugar à velha e inevitável nostalgia.


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