Jair Bolsonaro já está em campanha reeleitoral. Percorre o País para inaugurar obras, ainda que várias já tivessem sido entregues. Para garantir a agenda desenvolvimentista, aprofunda cortes nas áreas sociais, beneficiando o projeto do Pró-Brasil, o plano de investimentos públicos em infraestrutura. É o que acaba de fazer a Junta de Execução Orçamentária, integrada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, participou dos entendimentos. Foi determinado um corte de R$ 1,57 bilhão no Ministério da Educação. Nada menos que 29 institutos federais e 175 mil alunos podem ser obrigados a interromper suas aulas. A educação básica pode perder 80% dos recursos.

A tesourada também atinge outras áreas vitais. O Ministério da Cidadania vai perder 80% dos créditos previstos para a pasta. Com isso, programas como o “Criança Feliz”, de visita domiciliar a bebês com até três anos, pode ser suspenso já em setembro. O acompanhamento de 1 milhão de crianças será prejudicado. O tratamento de 11 mil pessoas com dependência de álcool e outras drogas em comunidades terapêuticas será afetado. Áreas estratégicas como agronegócio também não foram poupadas. O corte no Ministério da Agricultura deve prejudicar especialmente a Embrapa, instituição responsável pelo desenvolvimento tecnológico do País no campo. O rearranjo orçamentário segue a lógica populista do governo Bolsonaro. O governo planeja destinar R$ 6,5 bilhões para obras.

Os ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional ganharam R$ 1,6 bilhão cada para projetos que tragam visibilidade ao presidente. Já o Congresso receberá R$ 3,3 bilhões, que poderão ser usados por parlamentares para abastecer essas duas pastas. É um arranjo conveniente. Enquanto turbina a agenda de inaugurações, o presidente atrai a base parlamentar. A operação é executada pelo ministro Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), articulador político do governo no Congresso. A tungada lamentavelmente mostra, mais uma vez, que o governo acelera seu projeto para 2022 — à custa da área social.