O desejo de viver nos Estados Unidos nunca desapareceu. Ele apenas amadureceu. Em um contexto de tributação elevada, regras migratórias mais rigorosas e tensões diplomáticas renovadas, brasileiros têm buscado caminhos mais seguros e estratégicos para conquistar residência legal no país. Se antes o impulso era guiado pela pressa e pela esperança, hoje o que predomina é a exigência por planejamento jurídico e decisões orientadas por especialistas.
O chamado “tarifaço”, que desde 2024 elevou a carga tributária sobre importações de até US$ 50 para quase 90%, somado a episódios recentes como o voo de 88 deportados algemados em janeiro de 2025, redefiniu a percepção pública sobre a relação entre Brasil e Estados Unidos. A combinação de incertezas econômicas e diplomáticas desencadeou um aumento expressivo na procura por orientação especializada em imigração.
É nesse cenário que o advogado Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional, professor honorário da Universidade de Oxford e membro da Comissão de Relações Internacionais, atua realizando a mediação entre realidade jurídica e expectativa migratória.
À frente da Toledo e Advogados Associados, escritório com sedes em São Paulo e Houston (EUA), ele afirma que o sonho de morar nos Estados Unidos “não morreu, apenas se tornou mais criterioso”. “Tenho lidado com diversos casos de pessoas que gastaram pequenas fortunas em tentativas ilegais e hoje vivem sob risco constante. Informação correta e planejamento mudam esse destino. O sonho continua possível, mas requer preparo e responsabilidade”, afirma Toledo.
A crise como divisor de águas
Entre agosto de 2024 e setembro de 2025, os pedidos de vistos de trabalho e investimento como o EB-2/NIW, EB-5, O-1 e L-1, cresceram de forma expressiva, segundo dados do Departamento de Estado. A alta coincidiu com o encarecimento do consumo externo e a busca por alternativas de investimento dolarizado, como imóveis e negócios nos Estados Unidos.
“Com o dólar valorizado e a tributação sobre importações, muitos brasileiros passaram a enxergar o mercado americano como uma oportunidade de proteção patrimonial. Mas, ao mesmo tempo, o endurecimento das regras fez com que o processo se tornasse mais técnico, exigindo um olhar jurídico sofisticado”, explica Toledo.
As exigências se refletem nas estatísticas. Em setembro de 2025, o governo americano manteve “sem movimento” as datas finais de concessão de vistos EB-2 e EB-3, indicando que o limite anual havia sido atingido. O mesmo relatório confirmou o uso do quadro de Final Action Dates, que controla a liberação de novos processos.
Para Toledo, o novo panorama obriga candidatos a buscar escritórios com atuação direta nos Estados Unidos e compreensão do contexto legal e econômico local. “A interpretação correta da norma é o que separa um processo bem-sucedido de uma negativa definitiva. E isso depende da experiência prática, não apenas da teoria”, afirma.
A consolidação de um modelo boutique
A Toledo e Advogados Associados nasceu há mais de 20 anos e consolidou-se como um escritório boutique de Direito Internacional e imigração estratégica. A equipe, formada por advogados, economistas e contadores, atua de forma integrada no planejamento jurídico e financeiro de clientes que buscam estruturar processos de residência, investimentos e negócios nos Estados Unidos.
O conceito de escritório boutique, segundo Toledo, vai além da estética corporativa. Trata-se de uma forma de advocacia que privilegia o acompanhamento próximo e a análise detalhada de cada caso. “Não existe processo padrão. Cada cliente tem uma trajetória única, e nosso papel é entender essa história e traduzi-la dentro da legislação americana. É um trabalho artesanal”, define o advogado.
Com base em Houston, no Texas, um dos pólos de crescimento mais acelerado entre brasileiros e latino-americanos, o escritório expandiu a atuação em áreas como imigração empresarial, estruturação societária e assessoria em investimentos no agronegócio e no mercado imobiliário.
A unidade americana também acompanha casos de vistos vinculados a geração de empregos, como o EB-5, que exige investimento mínimo de US$ 800 mil e criação de dez vagas em tempo integral. “A escolha geográfica e o modelo de negócio são determinantes. Um erro de avaliação pode comprometer a manutenção dos empregos exigidos por lei e, com isso, inviabilizar o visto. Cada detalhe conta”, alerta Toledo.
Entre o rigor legal e o recomeço pessoal
O advogado reforça que o processo migratório deve ser visto não como uma transação burocrática, mas como uma etapa de transformação de vida. “Quando alguém decide imigrar, o que está em jogo não é apenas um protocolo jurídico, mas o futuro de uma família, de um projeto ou de uma carreira inteira. Por isso, o processo precisa ser conduzido com precisão e sensibilidade”, diz.
Dados recentes mostram que, mesmo com as restrições, o número de vistos EB-2 e EB-5 emitidos a brasileiros atingiu recordes históricos em 2025. “Acompanhamos 82 aprovações no último ciclo, entre processos de residência permanente e ajustes de status. Além disso, há as parcerias com centros regionais nos Estados Unidos, como o Lightstone, que obteve prazos recordes de aprovação de EB-5”, recorda o especialista, que também atua como consultor do Instituto Americano de Diplomacia e Direitos Humanos (USIDHR), ampliando o diálogo entre práticas jurídicas e direitos fundamentais.
Toledo foi reconhecido como Immigration Law Expert of the Year pela organização internacional Leaders in Law, reforçando um modelo de advocacia que combina técnica e credibilidade.
Em um ambiente dominado por desinformação, Toledo tem utilizado seus canais públicos para esclarecer dúvidas sobre vistos, regularização e falsas promessas. “A internet ampliou o acesso à informação, mas também aumentou o risco de boatos. Muitos influenciadores vendem a ideia de vistos relâmpago e processos milagrosos. O resultado são frustrações e perdas financeiras irreversíveis”, alerta.
O advogado também aponta que o crescimento de falsas consultorias tem sido uma das principais ameaças à credibilidade do sistema. “Há empresas que prometem resultados rápidos sem nenhuma base jurídica. O problema é que, quando o erro acontece, quem paga é o cliente e o prejuízo pode ser permanente”, diz.
O sonho, ainda possível
Apesar dos desafios, Toledo mantém uma visão pragmática e otimista sobre a imigração brasileira para os Estados Unidos. “Migrar é um ato de coragem e planejamento. O país continua sendo um terreno fértil para quem tem talento e visão. Mas hoje o diferencial está em fazer o processo da forma certa, com responsabilidade, ética e técnica”.
Para ele, o verdadeiro sentido do sonho americano está na escolha consciente do caminho. “A imigração legal não é privilégio de milionários, mas de quem está disposto a investir tempo, preparo e confiança em profissionais que tratam cada caso como uma história única. Esse é o novo recomeço: não o de quem foge do país, mas o de quem decide crescer com segurança no país certo.”