Para ficar sabendo o que realmente interessa sobre alguma pessoa a gente  precisa de apenas 5 minutos. Neles, o timbre da voz, o desenho dos movimentos, a expressão do olhar e um qualquer toque mais ou menos casual, nos dizem tudo o interessa saber sobre cada uma das pessoas que entram pela primeira vez em nossas vidas.

Com o fim da pandemia os dias se tornam de novo férteis em contactos pessoais, e reuniões presenciais. O mundo está de novo entrando em ebulição e, depois desta clausura forçada, e um frenesi inusitado está se instalado nas ruas das cidades e nas artérias da gente.

Tudo aquilo que antes “nem mexia”, agora ganhou movimento. Tudo o que apenas “se mexia”,  agora até dança; e o que lento era, parece  hoje animado de uma tal juventude a que não falta ambição.

Parece até que a vacina que todos estamos desejando não é apenas um placebo útil, ela também funciona como uma espécie de droga inovadora que nos faz quer experimentar novas sensações. Tripar novas viagens, alucinar novas alegrias, conhecer novos mundos; como, se por algum motivo, pudéssemos todos nascer de novo.

Não há tempo a perder. Não podemos esperar para conhecer, para tocar, para olhar, para abraçar e sorrir. O tempo em que estivemos fechados durante a pandemia nos fez olhar com desconfiança para o futuro, mas agora tudo mudou; e os nossos olhos já não desconfiam do tempo que  está chegam, antes o desejam. Com tanta força que tudo nos parece pouco.

Mas ao mesmo tempo que a vida regressa ao normal, nos apercebemos que em muitas coisas ela não também é mais a mesma. No intervalo em que ficámos em casa apreendendo a conviver uns com os outros através de ecrãs, algumas coisas mudaram, mas o que é essencial a nossa humana natureza continua imutável.

Hoje sabemos que é possível conhecer bem uma pessoa sem nunca a termos visto e até sabemos que assistir a um seminário virtual é mais cómodo e pode até ser mais produtivo que viajar meio mundo para assistir a uma conferência internacional.

Apenas uma coisa não conseguimos mudar, essa coisa mágica que logo nos atira para os braços uns dos outros.  É verdade que aprendemos a nos conhecer ao longe, mas para confiar — e tomar decisões  — continua a ser preciso estar perto. A tocar na pele. Olho no olho. Como era antes.