A capitã cloroquina, Mayra Pinheiro, protagonizou mais um espetáculo lamentável em seu depoimento à CPI da Covid. Ela negou que tenha recomendado a cloroquina ou o tratamento precoce da doença (com remédios sem eficácia),  apesar das provas em abundância de que promoveu o fármaco até no colapso da Saúde em Manaus, com o requinte de prescrevê-lo a para grávidas por meio de um aplicativo. Assim como outros membros do governo, ela deu um show de hipocrisia e desfilou inverdades sem corar ou mostrar qualquer arrependimento.

O cinismo é ainda mais repugnante porque ela mesma já tinha dito em depoimento ao Ministério Público que deixar de prescrever a cloroquina configurava “crime contra a humanidade”. É a estratégia bolsonarista, que virou política de Estado. Contar mentiras inúmeras vezes, até que sejam absorvidas como verdade. É o que fizeram os antigos ou atuais colaboradores do presidente. Nada novo. Goebbels, braço-direito de Hitler, já ensinava:  “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. A comparação é pertinente. Como fez o relator Renan Calheiros, é importante começar a relacionar o genocídio nazista à morte de brasileiros na pandemia. Quase meio milhão já tombou, e o governo federal é o principal responsável . Ponto.

A capitã cloroquina é apenas mais uma fanática que tenta mostrar serviço ao candidato a ditador. A médica dirige uma das secretarias do Ministério da Saúde, e não pode continuar ocupando um cargo importante na pasta se não tem estatura moral para defender vidas ou manter a própria palavra. A verdade, assim como a ciência, não tem possíveis interpretações no caso de vidas que estão em jogo. A CPI não busca apenas saídas para a doença. Deve traçar uma linha contra a impostura bolsonarista. Se a CPI concordar com a normalização da mentira, apesar dos instrumentos constitucionais para impedi-la, Bolsonaro terá avançado mais um passo em sua estratégia de minar a democracia e desmoralizar as suas instituições. É isso que está em julgamento agora na CPI.