O filme “A Natureza das Coisas Invisíveis” estreia nesta quinta-feira, 27, nos cinemas via Sessão Vitrine Petrobras. A obra, da diretora Rafaela Camelo, mergulha no universo das experiências que as crianças vivem antes de saber nomeá-las: a morte, o luto, a culpa e o medo daquilo que está prestes a acabar.
No longa, Glória, de 10 anos, passa as férias no hospital onde a mãe trabalha e conhece Sofia, que acompanha a bisavó em um momento de despedida. As atuações das atrizes mirins, Laura Brandão e Serena, venceram o prêmio de Melhor Interpretação no Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, o maior evento de cinema e artes dedicado às narrativas LGBTQIA+ na América Latina. O filme também conquistou o Coelho de Ouro, o prêmio do Júri de Melhor Longa-Metragem do festival, reforçando sua força artística e sensibilidade narrativa.
Com delicadeza, o longa aborda a importância de permitir que crianças participem das conversas sobre a finitude. Estudos recentes indicam que no Brasil cerca de 1,3 milhão de crianças já enfrentaram a perda de pelo menos um dos pais ou de um morador do domicílio, o que reforça a magnitude desse impacto.
Nessas circunstâncias, aumentam os riscos de ansiedade, depressão, dificuldades escolares e outros desfechos negativos de longo prazo. Em um momento em que famílias, escolas e profissionais de saúde têm dado atenção crescente ao bem-estar emocional infantil, “A Natureza das Coisas Invisíveis” se apresenta como uma obra que busca acolher emoções – muitas vezes invisíveis – que crianças também vivenciam.
Dirigido por Rafaela Camelo, o filme chega aos cinemas brasileiros em 27 de novembro, dentro da Sessão Vitrine Petrobras, depois de circular por festivais nacionais e internacionais, onde se destacou justamente por sua abordagem singular do universo infantil e por sua potência emocional.
Camelo constrói o filme a partir de um lugar de sensibilidade radical. “Sinto que o ponto que mais pode se conectar com o público é a relação intergeracional”, afirma. “O filme é centrado na relação de duas crianças, mas ao redor dela existe a conformação das mães, das avós e de toda uma comunidade formada por mulheres”.
O trabalho das jovens atrizes dá força a experiência. Laura Brandão (Glória) e Serena (Sofia) interpretam não apenas com emoção, mas com organicidade. A diretora reconhece essa contribuição decisiva: “As meninas são o amor da minha vida. Foi um grande encontro. Elas contribuíram para fechar o roteiro de certa forma, com suas ações genuínas, a forma de se mover no espaço… Isso trouxe autenticidade ao filme”. As próprias atrizes sentem essa transformação: “Foi um amadurecimento gigante sobre o luto e sobre morte, que trouxe mais conhecimento sobre como lidar com essas coisas”, diz Serena. Laura completa: “Considero esse filme um aprendizado”.
“A Natureza das Coisas Invisíveis” coloca a infância diante do invisível sem subestimá-la. Ao fazer isso, revela que, mesmo antes das palavras, as crianças reconhecem o que se despede e encontram, na amizade, um modo próprio de continuar.