“A língua de ouro pode significar que a pessoa mumificada era pura em vida” Roberto Pellini, arqueólogo da UFMG (Crédito:Divulgação)

Embora a cultura egípcia da mumificação seja um traço marcante da história do País, é um ritual cercado de mistérios, principalmente porque os arqueólogos não desbravaram 50% das riquezas espalhadas por lá. Recentemente uma expedição liderada por especialistas egípcios e dominicanos descobriu mais de 15 sarcófagos greco-romanos no Templo de Taposiris Magna, próximo à cidade de Alexandria. Entre os achados, datados em mais de 2 mil anos, um item repercutiu mundialmente por ser extremamente raro: uma múmia com a língua coberta de ouro.

Sinal de pureza

Em nota, o Ministério do Turismo e das Antiguidades do Egito explica que o artefato está sendo estudado com profundidade devido à sua peculiaridade. De acordo com a arqueóloga Kathleen Martinez, da Universidade de Santo Domingo, na República Dominicana, e que lidera a escavação, além das múmias, diversas esculturas e máscaras de gesso foram recuperadas. Ao lado da múmia com a língua de ouro, Kathleen destaca outros dois corpos preservados com restos de pergaminhos: um coberto por gesso e decorações douradas de Osíris, e outro mumificado com uma coroa com gravuras de chifres e uma cobra na testa.

Para o arqueólogo Jose Roberto Pellini, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e peça chave nas expedições brasileiras no Egito, os artefatos são de extrema importância para entender mais sobre as civilizações antigas. “A língua de ouro pode significar que o morto era uma pessoa pura”, diz.

Estima-se que após a morte, a pessoa passava pela ‘sala das duas verdades’, local onde precisava recitar alguns juramentos para o Deus Anubis. Na sequência, entravam no Amenti, onde ficavam de cara com deuses, como Osíris, para o julgamento de seus feitos em vida. “Há uma crença de que o corpo dos deuses era feito de ouro, um elemento que remete à pureza e grandeza”, conta Pellini. No caso, os réus que provavam uma boa conduta em vida, recebiam a benção dos deuses para viver no paraíso. Sobre as máscaras achadas na expedição em Alexandria, Roberto acrescenta que “a verdadeira morte era ser esquecido pelas pessoas que estão vivas”, o que pode explicar a relação do ouro com as construções de templos, estátuas, sarcófagos e afins.