‘A Mulher da Casa Abandonada’: vítima relata horrores da escravidão pela 1ª vez

Documentário do Prime Vídeo estreia nesta sexta-feira, 15, com relatos inéditos de Hilda dos Santos, ex-funcionária doméstica de Margarida Bonetti

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Documentário conta com relato de Hilda Rosa dos Santos Foto: Divulgação

Em 2022, o Brasil começou a viver o fenômeno dos podcasts com o lançamento de “A Mulher da Casa Abandonada”, criado pelo jornalista Chico Felitti. A produção rapidamente viralizou nas redes sociais, e agora, três anos depois, é a vez do projeto estrear em forma de documentário pelo Prime Video, nesta sexta-feira, 15.

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No projeto original, o repórter conta a história de uma estranha senhora, a Margarida Bonetti, que vive em um casarão em ruínas no bairro Higienópolis, um dos mais nobres da cidade de São Paulo.

Entretanto, logo nos primeiros episódios, os ouvintes descobrem que a idosa, até então apenas excêntrica, na verdade é responsável por ter cometido um crime horrível. Nos anos 2000, ela e o ex-marido, Rene Bonetti, foram acusados de terem mantido a trabalhadora doméstica brasileira Hilda Rosa dos Santos em condições análogas à escravidão nos Estados Unidos, durante cerca de 20 anos.

Durante exibição do primeiro episódio para jornalistas, Felitti afirmou que a adaptação traz outra roupagem para a história. “Eu realmente, fiquei curioso em relação ao que era a casa, não sabia quem era essa mulher. E é partindo desse mistério que o podcast começou a investigar, como a gente vai aprofundar essa história”, explica.

“Fazer uma série que fosse, literalmente, roteiro do podcast, seria falsear. Seria fingir que esse mistério ainda existe”, reflete. “Daí, quando chegou a oportunidade da adaptação ser tocada no Prime Video, é completamente outra história, só que o mesmo caso.”

Hilda Rosa dos Santos

Pela primeira vez, a vítima do casal Bonetti comentou sobre os horrores que viveu com o casal durante 20 anos. Logo no primeiro episódio, vemos Hilda – agora saudável e bem -, vivendo nos Estados Unidos, servindo de respiro para quem ficou curioso em relação ao paradeiro da idosa.

De acordo com a produção do documentário, a ex-doméstica contou com o apoio de uma igreja e da instituição “Organização Vida” – projeto onde os integrantes se encontram para escutar música, escrever poesia e pintar – para voltar a viver livremente.

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“O governo americano deu um apartamento, um apoio financeiro para ela ir, aos poucos, conquistando as pessoas. Hoje em dia, ela tem uma pessoa que cuida dela, uma amiga que viu as pinturas da Hilda, se apaixonou e já está há 10 anos cuidando dela”, revela Mariana Paiva, roteirista do projeto.

“[O documentário] tem cenas de violência, que a gente precisa mostrar para concretizar o crime, mas também tem a voz da Hilda. E em cenas em que são sempre de muita luz, de cores muito quentes. Isso traz muito esse aspecto da vítima que se torna um protagonista da própria história, para contar a sua própria versão”, afirma.

Com três episódios, a série documental estreia no Prime Video nesta sexta-feira, 15. 


** Estagiária sob supervisão