Onze anos se passaram, mas entre a população da Grécia ainda há pessoas que guardam marcas físicas, marcas emocionais, ou as duas cicatrizes juntas, todas causadas pelo devastador incêndio que em 2007 arrasou o sul da península do Peloponeso. Na semana passada, novas feridas foram abertas – e, mais uma vez, pelo fogo. Com uma velocidade incrível alimentada por ventos de até cem quilômetros por hora e um verão de quarenta graus, inúmeros incêndios florestais destruíram a região de Rafina, nos arredores de Atenas, capital do país. Até a quarta-feira 25, a tragédia deixara aproximadamente oitenta mortos e mais de duzentos feridos. Em um relato comovido e chocante, o chefe da Cruz Vermelha, Nikos Economopoulos, narrou uma das cenas: “Nunca presenciei nada igual, nada tão trágico e tão triste. Vinte e seis pessoas, na região do baleneário de Mati (a trinta quilômetros de Atenas), corriam juntas e desesperadas para o mar. Faltavam uns vinte metros para se atirarem na água. Imensas labaredas as alcançaram antes disso”. Elas morreram todas abraçadas, compactadas… dois, três, quatro corpos pareciam um corpo só. Para outros que fugiam do fogo, a sorte lhes foi madrinha: chegaram ao mar e puderam ser salvos. O porta-voz do governo grego, Dimitris Tzanakopoulos, informou que entre os mortos e feridos há crianças e adolescentes, e que a maioria das vítimas fatais ficou presa pelas chamas nos setores dos balneários. A Grécia pediu ajuda à União Europeia, que imediatamente lhe estendeu a mão, fornecendo equipamentos, aviões, lanchas, helicópteros e equipes especializadas nesse tipo de resgate. O país se preparou, nas últimas semanas, para a grande festa nacional em comemoração ao restabelecimento da democracia em julho de 1974. Tudo, é claro e é triste, foi cancelado.

Cicatrizes
Em 2007, ao sul da península do Peloponeso, um incêndio deixou vinte e sete mortos. Agora, o número de vítimas fatais, na quarta-feira 25, já chegava a oitenta

Abraço e morte
Vinte e seis pessoas morreram queimadas a poucos metros do mar, no qual buscavam se salvar. Morreram abraçadas, compactadas… dois, três, quatro corpos pareciam um corpo só

DIPLOMACIA
Trump e Rouhani “berram” no Twitter

AFP Photo / Ho / Iranian Presidency

Donald Trump, até agora, só não ameaçou o próprio Donald Trump. Na semana passada a trombada foi de novo com o presidente do Irã, Hassan Rouhani. Mas o que Trump fala não se escreve, ou, melhor, o que ele escreve no Twitter não dá para levar a sério. Dessa vez o presidente americano revelou uma nova característica – quando está muito indignado, escreve todo o texto em letras maiúsculas: “NUNCA MAIS AMEAÇE OS EUA OU VOCÊ SOFRERÁ CONSEQUÊNCIAS COMO POUCOS NA HISTÓRIA JÁ SOFRERAM”. Rouhani, que não fica atrás, retrucou com tudo em maiúscula também: “NÃO ESTAMOS IMPRESSIONADOS”. Agora, é esperar. É claro que entre os dois as letras voltarão a ser pequenininhas.

CASO MARIELLE
Muito longe do fim

Divulgação

Lá se vão mais de quatro meses da execução de Marielle Franco e a polícia do Rio de Janeiro nada tem de concreto. Foram presos agora o ex-PM Alan Nogueira e o ex-bombeiro Luiz Barbosa, acusados de terem matado duas pessoas em 2017. Segundo a polícia, a mesma testemunha que “entregou” Alan e Luiz disse também que eles estão envolvidos na morte de Marielle. O nome da testemunha é mantido em sigilo, mas trata-se de um marginal que integrou a quadrilha do miliciano Orlando de Curicica. O ministro Raul Jungmann pediu desculpas pela demora na elucidação do caso. Ele é o responsável máximo pela segurança no País. Não está no cargo para se desculpar. Se há demora, deve agir.

FAKE NEWS
Facebook remove páginas de jornais e do MBL

Aytac Unal

Sob a alegação de “violação das políticas de autenticidade da rede”, o Facebook removeu no Brasil, na semana passada, 196 páginas e 87 perfis. Segundo o comunicado oficial, tratava-se de uma ação “coordenada” que se valia de contas falsas. Objetivo: camuflar a origem e a natureza de conteúdos para “espalhar a desinformação”. No interior dessa “rede coordenada” de veiculação de fake news, segundo o Facebook existiam contas associadas ao Movimento Brasil Livre (MBL) e aos sites do “Jornalivre”, do “O Diário Nacional” e do Movimento Brasil 200. As notícias estariam sendo divulgadas por tais sites como se viessem de diferentes fontes, mas tudo já estava combinado entre eles. O MBL refutou as acusações.

CIÊNCIA
Estamos mais próximos da vida marciana

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A água é condição imprescindível à vida, seja qual for essa forma de vida: do ser humano aos seres extremófilos e às bactérias. Da mesma forma, onde há água, há vida. Nos últimos anos, ficou claro para a ciência, após diversas pesquisas, que existiu vida em Marte, mas tudo o que se encontrava no planeta era gelo. Na semana passada, finalmente, cientistas italianos revelaram a descoberta de água em estado líquido, sob uma camada de gelo, em um lago com cerca de 20 quilômetros de diâmetro. “Não se trata de um escoamento temporário, como se acreditava”, disse Alan Duffy, professor da Universidade Swinburne, na Austrália. “Ela é persistente, criando condições
para a vida”.