Yanit Ashkenazi se sentiu “esperançosa” durante a trégua entre Israel e o Hamas. No entanto, uma semana após o fim do cessar-fogo, a “montanha-russa emocional” continua pela falta de notícias de sua irmã, ainda mantida como refém na Faixa de Gaza.

A trégua entre Israel e o grupo islamista palestino, que ocorreu entre 24 de novembro e 1º de dezembro, permitiu a libertação de 105 das cerca de 240 pessoas sequestradas pelo Hamas em seu sangrento ataque em 7 de outubro.

Entre elas, Doron Steinbrecher, enfermeira veterinária de 30 anos que foi raptada no kibutz Kfar Aza. Desde então, sua irmã Yanit não tem “nenhuma informação ou prova” de seu estado de saúde, contou à AFP durante uma visita a Paris.

A mulher de 34 anos embarcou em uma viagem para a capital francesa, Bruxelas e Estrasburgo juntamente com outros três familiares de reféns. O objetivo é chamar a atenção dos meios de comunicação e das instituições para pressionar a libertação das pessoas que ainda estão detidas pelo Hamas em Gaza.

Yanit conta que sofre uma “montanha-russa emocional” e que não sabe se sua irmã “está viva”, “ferida” ou “se o Hamas a estuprou”. “Devo ser forte, mas penso em seu estado e isso afeta a minha saúde mental”, admite.

Os combatentes do movimento islamista e outros grupos armados mataram cerca de 1.200 pessoas em seu ataque contra Israel em 7 de outubro, de acordo com autoridades israelenses. Em resposta, Israel bombardeia incessantemente Gaza e lançou uma ofensiva terrestre com o objetivo de “aniquilar” o Hamas, que governa este território palestino desde 2007.

Desde o fim da “pausa humanitária”, o Exército israelense estreitou o seu cerco ao sul da Faixa, onde centenas de milhares de civis se refugiaram para escapar dos bombardeios no norte. As forças de segurança de Israel afirmam ter destruído quase 500 entradas de túneis usados pelo Hamas, de um total de 800 que foram descobertas.

– Críticas à Cruz Vermelha –

“Temos esperança porque sem esperança não nos sobra nada”, acrescenta Liran Berman, cujos irmãos Ziv e Gali, de 26 anos, também foram sequestrados. O homem de 36 anos promete que fará “tudo o que for necessário a nível diplomático” para obter a libertação dos irmãos.

Yonatan Shimraz, por sua vez, afirma que alguns reféns “precisam de medicamentos essenciais” e que seu irmão mais novo, Alon, mantido em cativeiro pelo Hamas, “precisa de óculos, não consegue ver nada sem eles e, portanto, é cego”.

Três dias antes, a Cruz Vermelha “nos abordou pela primeira vez em dois meses para nos pedir um encontro”, relatou.

Os familiares dos reféns e as autoridades israelenses acusam o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de não fazer o suficiente para atender algumas das pessoas ainda mantidas sob custódia do Hamas em Gaza, ou de não levar medicamentos até eles.

Estas críticas são “um problema para o pessoal” do CICV e “podem colocar os reféns em perigo”, reagiu esta semana a presidente da organização.

O Catar, juntamente como o Egito e os Estados Unidos, desempenhou um papel importante nas negociações para a trégua entre Israel e Hamas e é também um dos países pressionados pelos familiares dos reféns para que utilize o seu poder sobre o grupo islamista para libertar os reféns.

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