As vertentes da sétima arte são quase infinitas. Por meio do cinema, artistas de diversas gerações podem expressar ideias políticas, assustar as pessoas, revisitar episódios do passado ou até mesmo curar suas feridas pessoais. Há, no entanto, quem prefira se aventurar por um gênero menos ambicioso, ingênuo até, mas que cumpre sua função de divertir plateias de todas as idades: a velha e boa comédia romântica. No passado, ninguém se culpava por curtir pérolas como Quanto mais Quente Melhor, com Marilyn Monroe, ou Bonequinha de Luxo, com Audrey Hepburn. Talvez o mundo tenha ficado sério demais, mas a verdade é que, de vez em quando, é preciso aceitar que a vida real é cheia de complicações e que uma hora e meia de puro entretenimento não faz mal a ninguém.

Essa será a provável reação do público diante do delicioso Ingresso para o Paraíso, filmão à moda antiga que faz os sorrisos brotarem na plateia sem sentimento de culpa. A presença dos astros George Clooney e Julia Roberts faz a diferença: com empatia e bom timing para o humor, o galã e a estrela formam um daqueles pares inesquecíveis de Hollywood, por quem todo mundo torce para que fiquem juntos no final feliz.

“Tivemos de gravar uma cena romântica 80 vezes. Foram 79 tomadas rindo e uma de beijo”
Julia Roberts, sobre a boa relação com o colega George Clooney

O enredo é previsível desde a primeira cena – e não há nada de errado com isso. Separados após cinco anos de casamento, o ex-casal se odeia e um culpa o outro pelo fracasso do relacionamento. No entanto, são obrigados a se unir para pôr em prática um plano no melhor estilo “cavalo de Tróia”: impedir que a filha, uma jovem recém-formada em Direito, se case com um nativo que ela acaba de conhecer, em férias na ilha de Bali. Não é sequer preciso spoiler para se imaginar como isso vai terminar.
Ambientado em um lugar paradisíaco – embora a trama seja situada na Indonésia, as filmagens ocorreram em Queensland, na Austrália –, o filme viralizou nas redes sociais por simbolizar uma espécie de “volta à normalidade” nesse período de alívio da pandemia. Clooney confirmou o prazer em trabalhar com a colega: “Julia e eu não estávamos procurando um projeto para fazermos juntos, mas foi fácil dizer sim para uma chance de trabalhar novamente com ela”. O ator falou ainda sobre o convite do diretor Ol Parker. “Ele enviou o roteiro para nós dois ao mesmo tempo e disse que tinha escrito os papéis para Julia e para mim. Então, logo depois que li, liguei para Julia e disse: ‘Vou fazer, se você fizer’. E ela respondeu: ‘Bem, eu vou fazer se você quiser’. Pouco tempo depois, estávamos indo para a Austrália”, disse Clooney. Em entrevista ao jornal The New York Times, Julia revelou que tiveram que gravar uma cena romântica 80 vezes:“Foram 79 tomadas rindo e uma de beijo”.

LEVEZA Ol Parker: diretor explorou a boa relação pessoal entre os atores (Crédito:Divulgação)

Ela ainda brincou com a percepção que o público norte-americano possui sobre os dois atores: “Temos uma longa amizade e isso funciona na hora de interpretar um casal divorciado. Metade do público já acredita que somos mesmo separados na vida real, então não é tão complicado”. A atriz se refere ao histórico de parceria diante das câmeras, em filmes como Onze Homens e um Segredo (2001), Confissões de uma Mente Perigosa (2002) e Jogo do Dinheiro (2016), entre outros. Em meio à guerra e crises econômicas, é bom saber que ainda temos o escurinho do cinema para atenuar a realidade – pelo menos por 90 minutos.