Guilherme Boulos (PSOL) tem uma missão bastante indigesta para conseguir sua eleição para o comando da Prefeitura de São Paulo: repetir o sucesso de Fernando Haddad (PT) e reverter o jogo contra Ricardo Nunes (MDB).

O petista foi o único a conseguir virar uma eleição do primeiro para o segundo turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo desde a redemocratização. O pleito de 2012 foi contra José Serra (PSDB) e sacramentou o terceiro governo de esquerda na maior cidade da América Latina (veja mais abaixo).

Boulos está atrás nas pesquisas de intenção de voto. A Quaest coloca o candidato do PSOL com 35% das intenções, ante os 44% de Nunes. O Datafolha mostra uma vantagem ainda maior, com o psolista tendo 49% da preferência do eleitorado contra 35% do atual prefeito.

Os números são muito diferentes dos do primeiro turno, quando Ricardo Nunes e Guilherme Boulos ficaram praticamente empatados em primeiro e segundo lugares, respectivamente. O emedebista obteve 29,48% dos votos, enquanto o deputado conquistou 29,07% do eleitorado.

A missão não é fácil. Nunes tende a herdar os votos do terceiro colocado, o coach Pablo Marçal (PRTB), que obteve 28,14% dos votos no primeiro turno. Outro fator que pode prejudicar a caminhada do psolista é que parte desses votos, de acordo com as pesquisas, tende a seguir para brancos e nulos.

A história é bem diferente de 2012, quando Haddad derrotou Serra no segundo turno. Mas as surpresas não se limitaram à segunda etapa do pleito: no primeiro turno, houve favorito perdendo e um apoio quase improvável.

Desde julho de 2012, todas as pesquisas apontavam Celso Russomanno (Republicanos) na liderança da disputa pelo Edifício Matarazzo. Na campanha, o apresentador aproveitou sua fama na televisão para aproximar sua imagem do povo e se distanciar dos políticos tradicionais. Para o segundo turno, as pesquisas indicavam o favoritismo de José Serra, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo.

Haddad só apareceria como surpresa nas pesquisas de boca de urna, que o colocaram no segundo turno. O petista superou Russomanno e ficou em segundo lugar, com 28,98%, atrás de Serra, que obteve 30,75% dos votos.

No segundo turno, Haddad recebeu um apoio quase improvável, mas que foi relevante para sua arrancada eleitoral. O candidato derrotado Gabriel Chalita, então no PMDB, que obteve 13,6% dos votos, mergulhou de cabeça na campanha de Haddad. Mais tarde, Chalita se tornaria secretário da Educação na gestão petista.

Fernando Haddad ainda conseguiu um trunfo para o segundo turno. Mesmo sendo conservadores, muitos eleitores de Russomanno migraram para Haddad devido a inseguranças com o histórico de Serra. Eleito em 2004 para comandar a capital paulista, Serra quebrou uma promessa de campanha ao deixar o cargo para disputar o governo de São Paulo em 2006.