O presidente nunca desistiu de moldar a Polícia Federal (PF) aos seus interesses e ter uma corporação que pudesse chamar de sua. Ele aproveitou a posse de Anderson Torres no Ministério da Justiça e já emplacou o novo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, bem ao gosto do que o mandatário deseja para o órgão: um gestor que ele possa manipular politicamente. O presidente disse que com Torres teria a “minha própria Polícia Federal”, mas quem não tem memória curta vai lembrar do episódio da demissão do ministro Sergio Moro, expurgado exatamente por não aceitar a intervenção na PF.

FIDELIDADE O diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, estará alinhado ao presidente (Crédito:Divulgação)

Bolsonaro sempre quis que o ministro da Justiça coloca-se ao seu dispor o controle da instituição. Especialmente para acompanhar as investigações dos seus filhos. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também passou por uma nova nomeação. O inspetor Silvinei Vasques assume a direção-geral. O cientista político, Márcio Coimbra, diz que “Maiurino é a opção por um perfil político na PF, alguém com trânsito no STF e STJ”. Ele inclusive já ocupou cargos de confiança em governos do PT e do PSDB. Torres e Maiurino têm uma boa relação com a bancada da bala e podem retomar o diálogo desgastado pelo presidente.

Segundo informação de um deputado, tanto a PF, quanto a PRF, estarão sob a influência do advogado Frederick Wassef. Ele é o mesmo que abrigou o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, antes de ser preso. Queiroz é acusado de ser o operador das “rachadinhas” de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Nos bastidores, esse é o caso que mais preocupa o presidente por conta da quantidade de provas que podem levar o filho 01 a ser condenado. Os outros filhos também estão na mira da Justiça. Carlos e Eduardo são investigados por propagação de fake news e controlam o “gabinete do ódio”. Por sua vez, Renan é acusado de tráfico de influência.

Além de manter o presidente bem informado, o ministro da Justiça terá a tarefa de garantir “um ir e vir sereno e pacífico” da população durante os necessários lockdowns que vierem a serem decretados pelos governadores. Bolsonaro já acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender os decretos estaduais de Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, mas foi derrotado no STF. Também demitiu o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, quando tentou envolver o general em seu projeto de cooptar os militares numa tentativa golpista. Pelo menos na PF está tudo dominado.