30/12/2021 - 14:20
Uma das principais estratégias de governantes populistas para se perpetuarem no poder é esmagar a sociedade civil e impedi-la de tomar qualquer iniciativa por si mesma. O Leviatã tem de dominar tudo e todos. Assim age o capitão Jair Messias Bolsonaro, desde o primeiro momento em que pisou o Palácio do Planalto.
Deve-lhe ser difícil a percepção de que sua tática de desdém e desídia acabou gerando justamente o contrário: a sociedade civil se fortaleceu, tornou-se mais unida, está atuando, sobretudo, no estilo do antigo e genial samba de Milton Banana e Sérgio Ricardo: nele, o líder da comunidade, Zelão, ensina que uma pessoa tem de ajudar a outra até as coisas melhorarem.
Três exemplos. O primeiro: milhares de brasileiros estão vivendo na insegurança alimentar. Pior ainda: milhares de pessoas passaram a disputar, com ratos e corvos, ossos em lixões. O governo federal, nem aí…
Donos de açougues se organizaram e passaram a fornecer, de graça, carne de frango para os muito necessitados. As ONGs que atuam junto às comunidades estão conseguindo angariar cestas básicas e distribuem alimentos.
Segundo exemplo: Bolsonaro vetou o projeto que previa a distribuição gratuita de absorventes em escolas para meninas carentes, de tal forma que elas não faltassem às aulas quando menstruassem.
Também seriam dados absorventes às adolescentes e mulheres adultas em situação de rua.
Pois bem, a menina chamada Lenice Ramos deu o sinal de largada, berrou contra o capitão adepto do hedonismo e do dolce far niente, e recebeu, em doação, 192 mil absorventes que distribui em escolas.
A garota Lenice esmigalhou a onipotência, o machismo e o desprezo que Bolsonaro demonstrara em relação às mulheres.
Exemplo número três: até o início de tarde da quinta-feira 30, na Bahia, 132 cidades já tinham decretado estado de emergência devido às chuvas e enchentes. Uma rede nacional de solidariedade formou-se do dia para noite na coleta e envio de mantimentos, remédios, roupas, colchões, cobertores… e até brinquedos como presentes de Natal às crianças que está ao relento.