O Brasil ficou extasiado com a medalha de prata que acaba de ser obtida pela ginasta Rebeca Andrade, 22 anos, mas a conquista deveria servir de lição para Bolsonaro, que não investe no Esporte, na Educação e nos setores essenciais, como Saúde e Habitação, entre tantas outras pastas prioritárias. As medalhas que o Brasil vem obtendo em Tóquio são fruto da abnegação dos atletas e suas famílias, sem nenhum apoio do governo federal.

No caso de Rebeca, que venceu até a magnífica Simone Biles, em crise psicológica, a situação é ainda mais reveladora. Moradora na periferia de Guarulhos (SP), com seis irmãos e muita dificuldade financeira, Rebeca começou a treinar aos quatro anos depois de longas caminhadas a pé até as quadras esportivas, acompanhada pelos irmãos, porque não tinha dinheiro nem para pegar ônibus. Aos 9 anos, mudou-se sozinha para Curitiba às expensas de seu treinador, e, aos poucos, foi se aprimorando. Na raça, foi galgando espaço e conquistando torneios. Por isso, dona Rosa, sua mãe, foi às lágrimas hoje cedo na sua humilde casa na Grande São Paulo. Um feito histórico, heróico.

Mas, houve também outros casos incríveis de superação individual em que o governo não teve a menor participação. O medalhista de ouro Ítalo Ferreira começou a surfar ainda criança no Nordeste com a tampa de isopor da caixa de pescados do pai. No caso da fadinha do skate, Rayssa Leal, medalhista de prata aos 13 anos, há também a dedicação de uma criança que começou a se dedicar ao esporte aos 8 anos, sem nenhum apoio oficial. Apenas sua mãe e amigos da escola em Imperatriz do Maranhão vibravam por ela.

Essas façanhas deveriam ser tomadas como exemplo para Bolsonaro. A partir delas, ele deveria rever sua postura de conduzir um governo de forma desconectada com a realidade, direcionando forças apenas para a ideologização da ação governamental, na qual executam-se projetos que só interessam a ele ou aos seus grupelhos da extrema direita, como o porte de armas e aparelhamento político da educação e da cultura.

É o que está acontecendo agora, inclusive, com o direcionamento dos recursos públicos de R$ 5,7 bilhões para o financiamento das campanhas políticas nas quais ele e o Centrão serão beneficiados, em detrimento de investimentos em Educação e Saúde, por exemplo. As 65 universidades brasileiras estão caindo aos pedaços por falta de recursos e até a Plataforma Lattes, gerida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), está fora do ar por falta de investimentos do governo federal.

Com a Saúde, então, o descalabro é ainda maior, já que a aplicação equivocada de recursos para a compra de cloroquina ao invés de se concentrar no esforço para a aquisição de vacinas na hora certa, foi determinante para chegarmos a quase 600 mil mortos pela pandemia. É por essa e por outras posturas equivocadas e até criminosas que a sociedade não se cansa de pedir o impeachment do presidente, que se mostra totalmente incapaz de governar pensando nos interesses do País. O ex-capitão olha apenas para seus interesses pessoais, dos filhos e dos amigos corruptos que o cercam.