Nas principais praias do País, além de mar e areia, você certamente encontrará uma caixa de som sem fio tocando, em alto volume, os principais sucessos do sertanejo ou do funk nacional. Se der azar, provavelmente encontrará mais do que uma. São dezenas. A popularização do eletrônico se tornou tão grande que algumas prefeituras decidiram proibir o uso do objeto nas orlas de suas praias. A cidade do Rio de Janeiro, o destino mais popular do Brasil, foi a última a entrar para a estatística. O veto às caixas de som, publicado nesta terça-feira no Diário Oficial do município, proíbe “quaisquer meios de amplificação sonora” que causem poluição sonora nas faixas de areia da cidade.

Se a medida será cumprida, entretanto, ainda não se sabe. A pena para o descumprimento é ter o aparelho apreendido e, na retirada, assinar um “termo de retenção de aparelho sonoro”. A medida, branda, tem como objetivo conscientizar a população. Será isso o suficiente para restabelecer o som das ondas do mar como a principal atração do litoral?

Outro importante destino turístico, a cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, tomou a mesma decisão no final de janeiro do ano passado. Nos primeiros dias a fiscalização realmente ocorreu, com um recorde de 58 aparelhos apreendidos somente no dia 30 de dezembro. Porém, com o passar do tempo, as caixas de som voltaram à rotina da cidade.

Aliás, diversos municípios já possuem suas próprias “Lei do Silêncio”, conjunto de regras e normas aplicadas para o bem da convivência em locais como condomínios, obras públicas e ambientes comerciais. A cidade de São Paulo, por exemplo, instituiu o Programa Silêncio Urbano, cujo foco é harmonizar a convivência entre estabelecimentos comerciais e moradores.

Pensar que nem no momento de lazer o brasileiro pode ter paz é algo desesperador. A medida de proibir música alta nas praias, apesar de acertada, deveria ser consenso entre todos. Por que o meu gosto e vontade musical deveriam ser impostos aos outros? Pior, e se todo mundo decidir levar o próprio aparelho musical? Nessas situações apenas o bom senso deveria falar mais alto.