A insuportável violência contra mulheres

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Violência contra a mulher (imagem ilustrativa) Foto: Pixabay

Em meados de julho de 2022, o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi filmado por enfermeiras do Hospital da Mulher de São João de Meriti cometendo crime de estupro contra uma paciente, enquanto ela estava dopada e passava por uma cesariana. Já em 16 de janeiro de 2023, o anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo, de 32 anos, foi preso por estuprar pelo menos duas pacientes sedadas durante cirurgias. Esses dois casos são os que foram denunciados e posteriormente divulgados, mas, quantas mulheres não passam por crimes semelhantes? Com certeza essa pergunta tem atormentado muitas mulheres com essa sequência de fatos noticiados pela imprensa.

A imagem do anestesista é sempre muito forte no ambiente cirúrgico. É ele quem garante um estado físico no qual a dor é sublimada para que procedimentos invasivos possam ser realizados com segurança. É neste instante que se estabelece uma relação de confiança entre médico e paciente, que vai além da própria ética: é uma questão de humanidade. A atrocidade cometida por esses anestesistas quebra tal pacto de uma forma desumana. Esse estupro é uma perversidade que veio se somar a tantas outras registradas. É repulsivo!

Em um País em que 29.285 mulheres e meninas foram estupradas somente em 2022 esses casos aterrorizam, mas, infelizmente, só se somam a essa extensa lista de casos. Em um País em que o machismo e dominação sobre a mulher é visto como uma forma da permissão do estupro, e que a justificativa quanto ao tipo de vestimenta da mulher, por exemplo, ainda é uma desculpa para tais crimes, denúncias como essas nos deixam mais fragilizadas. Escancarar a nossa vulnerabilidade diante dessa cultura de poder que o machismo estrutural nos impõe é fundamental.

Tanta violência é insuportável, mulheres continuam sendo violentadas diariamente pelo simples fato de serem mulheres. Não dá mais para que a sociedade se mantenha anestesiada diante da vulnerabilidade de homens que acham que a sua honra justifica a violência, ou que a roupa de uma mulher é uma permissão para o assédio. Já se fez vista grossa demais para o sofrimento feminino, mas isso está ficando para trás. Há muito que se avançar, esse estupro monstruoso noticiado de mais um crime dentro de um centro cirúrgico mostra que há muito a se fazer!

É preciso que haja uma verdadeira transformação cultural, que passa também pelo rigor das punições. Que agressões assim continuem sendo denunciadas para que a sociedade e a mulher sintam-se encorajadas a mudar dogmas e rever preconceitos! Parece clichê, mas nós mulheres só queremos ser respeitadas e valorizadas por sermos mulheres!