Enquanto o mundo tenta deter as infecções pela variante Ômicron, o Brasil ainda discute a eficiência das vacinas. Nessa semana, a Itália tornou obrigatória a vacinação para os maiores de 50 anos e a Grécia para os acima dos 60. O Parlamento francês aprovou o passaporte da vacinação proposto pelo presidente Emmanuel Macron. Na Austrália, o tenista número 1 do mundo, Novac Djokovic foi retido por não ter tomado a vacina e tenta não ser deportado para casa.

Enquanto isso, no Brasil, o presidente Bolsonaro, em entrevista à TV Nordeste, cria polêmica sobre a vacinação infantil e coloca dúvidas sobre a seriedade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda sem um plano nacional de combate à Covid, deixou nas mãos dos prefeitos a tarefa de decidir se haveria ou não Carnaval nas cidades. Depois de muitas delongas, os administradores das principais cidades carnavalescas – Olinda, Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte, São Paulo e Salvador, decidiram cancelar a folia nas ruas.

São Paulo assim como Rio de Janeiro mantiveram os desfiles nos respectivos sambódromos, que devem seguir medidas restritivas de acesso, que ainda não foram anunciadas, para não disseminar o vírus.

As decisões, que demoraram a ser divulgadas, levaram integrantes do Carnaval a se manifestar antes mesmo dos prefeitos. Em São Paulo, representantes de 250 blocos, dos 696 inscritos na cidade, anunciaram que não participariam. No Rio, uma das mais antigas bandas cariocas, a de Ipanema, fez o mesmo.

“Com toda essa onda de contágio não havia outra medida a ser tomada”, diz o cientista político Bolivar Lamonier. Como 2022 é um ano eleitoral, muitos prefeitos ainda contabilizavam a perda econômica e o peso que isso representaria nas urnas. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo estimou que o Carnaval movimentaria R$ 8 bilhões no País, há dois anos. “Nessa altura, a população sabe da importância da prevenção. A Saúde em primeiro lugar”, diz Lamonier.

Para o cientista político Marco Antônio Villa, “existe um certo temor dos prefeitos de dizerem que não haverá o Carnaval, porque estamos em um ano eleitoral e de alguma forma isso será usado lá na frente”. Esses políticos não possuem o aval do presidente, que é negacionista. “Nunca tivemos isso, nem durante o governo militar.” Villa diz se lembrar do cientista Albert Sabin no Brasil na década de 1970 para a campanha de erradicação da pólio. “Por isso é tão importante eleger bem um presidente. Não podemos esquecer isso.”