MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS; Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil; Valter Campanato/Agência Brasil; Marcelo Camargo/Agência Brasil; Marcos Corrêa/PR

Na campanha presidencial de outubro, Henrique Meirelles, candidato do MDB a presidente, adotava como slogan a frase “Chama o Meirelles”, sob o argumento de que, sempre que o País estava em dificuldades, os governantes o chamavam para solucionar as crises econômicas. Foi assim em 2003, quando Lula o nomeou presidente do Banco Central, e em 2016, quando Temer o convocou para resgatar a economia, depois da recessão legada por Dilma Rousseff. Na eleição deste ano, a população não atendeu aos apelos do candidato, que teve apenas 1% dos votos para presidente, mas o governador eleito de São Paulo, João Doria, chamou o Meirelles. Será seu “supersecretário” da Fazenda, Planejamento e Gestão. Desta vez, no entanto, Meirelles não está sendo requisitado para apagar nenhum incêndio, mas sim para auxiliar o novo governo paulista na missão “de colocar o Estado na liderança de um processo da retomada brasileira no crescimento econômico e na atração de novos investimentos internacionais”, como prometeu Doria na última terça-feira 11, ao anunciar o nome do ex-presidente do BC como o mais importante de seus 20 novos secretários. Além dele, outros cinco integrantes do seu primeiro escalão integraram o governo Temer (leia quadro ao lado). São eles: Gilberto Kassab, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Sá Leitão, ex-ministro da Cultura, Alexandre Baldy, ex-ministro das Cidades, Rossieli Soares, ex-ministro da Educação e Vinicius Lummertz, ex-ministro do Turismo.

Desestatização

De fato, a grande estrela da constelação de ex-temeristas montada por Doria é Meirelles. O ex-ministro havia balançado com convites da iniciativa privada, mas, ao fim e ao cabo, foi convencido pelo futuro governador paulista de que era a pessoa mais talhada para comandar, entre outros desafios, um grande programa de desestatização do Estado, que pretende arrecadar R$ 23 bilhões. Para ter Meirelles mais próximo, Doria instalará o ex-ministro num gabinete no Palácio dos Bandeirantes, paralelamente ao da Secretaria da Fazenda, que funciona no centro de São Paulo. Os dois se aproximam por outras razões menos prosaicas. Nos bastidores do governo, comenta-se alto que, em quatro anos, ambos projetarão voos ainda maiores. Meirelles concorreria para governador e Doria presidente. Os dois não querem mencionar o assunto. Fogem dele, por óbvio. O tempo irá dizer se o vaticínio será cumprido.