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O governador da Bahia, Rui Costa (PT), participou de uma live da IstoÉ na terça-feira, 14. Em entrevista ao editor executivo da revista, Marcos Strecker, Costa falou sobre a pandemia do coronavírus e detalhou como vem enfrentando a pandemia no Estado, que tem uma das menores taxas de contágios e mortos por Covid-19. 

“Comparado aos 27 Estados, ocupamos uma posição relativamente razoável. Estamos na 21ª posição em número de óbitos.” Para ele, não se deve comemorar, mas reconhecer que “é muito acima da média nacional e muito melhor que a grande maioria dos Estados”. 

No bate-papo, Costa falou sobre o acolhimento de moradores de baixa renda infectados e assintomáticos como uma medida importante. “Como explicar para o assintomático que ele não pode sair de casa para trabalhar se ele não se sente doente? Nós remuneramos com R$ 500,00 e duas cestas básicas as pessoas que concordam em ficar isolados por quinze dias.”

Sobre a politização no enfrentamento ao coronavírus, ele é taxativo. “Esse é mais um erro que o Brasil cometeu e está cometendo ao politizar e transformar em algo ideológico o uso de medicamentos. É um escândalo. Medicamento deve ser definido pela ciência, pela medicina. Algo que infelizmente está na boca dos políticos quando deveria estar apenas nas mãos dos médicos. Quem não estudou sobre esses assuntos, não é cientista, não deveria estar dando palpite” afirmou o governador.

Rui Costa disse também que “o Governo da Bahia não adotará oficialmente nenhum protocolo de indicação, distribuição ou incentivo no uso e prescrição de medicamentos contra a Covid-19, uma vez que não há nenhuma evidência científica de que existam remédios capazes de combater a doença. 

“Como a ciência não comprovou ainda que exista um medicamento 100% eficaz, os médicos estão fazendo suas opções. O que cabe ao governador ou prefeito é deixar disponível para os médicos os remédios que eles entendem que devem ser aplicados. Não acredito que isso deve ser estabelecido através de portaria ou protocolo municipal”, finalizou.

Considerado uma voz destoante do PT, desde a eleição de 2018, quando defendeu que as políticas de alianças da legenda não deveriam ser condicionadas a uma defesa da liberdade do ex-­presidente Lula. Para ele, o PT se desconectou da sociedade brasileira quando fala em em formar frentes eleitorais. 

“O PT tem um problema histórico de querer sempre cabeça de chapa. O partido tem que avançar”, avalia. Costa entrou em choque total com a direção nacional da legenda ao criticar as violações de direitos humanos na Venezuela e, ainda mais grave para os petistas, quando defendeu a candidatura de Ciro Gomes, e não a de Haddad. 

As críticas de Costa ao próprio partido não param por aí. Ele entende que o PT também errou em não fazer a reforma política e abraçar práticas nefastas em processos eleitorais, como caixa 2 e financiamento ilegal de campanhas. “O PT reproduziu a história política institucional que sempre existiu no Brasil”, disse. 

Ainda na pauta política eleitoral, o governador, que se elegeu para o segundo mandato à frente do Palácio de Ondina, sede do poder local, com mais 75% dos votos, avalia que a pandemia vai prejudicar as eleições municipais deste ano. 

“A democracia participativa estará comprometida no pleito, já que, por conta do coronavírus, os eleitores mais pobres não têm acesso aos debates e participação pelas redes sociais, principalmente depois do fim da propaganda política gratuita.”

Economista, o governador, que reza na cartilha liberal, segundo seus críticos, é defensor de causas caras ao petismo como reforma da previdência, equilíbrio fiscal e gestão eficiente. “Fomos o primeiro Estado a fazer a reforma da previdência. Com uma gestão fiscal e outras políticas econômicas, economizamos mais de R$ 5 bilhões, que foram utilizados para investir em obras públicas.” 

Outra frente de batalha que tem criado ruídos tanto à esquerda como à direita para Costa é a proximidade dele com o prefeito de Salvador, ACM Neto. “É uma parceria saudável. Tenho recebido críticas de bolsominions e do pessoal da esquerda, mas nada vai mudar meu relacionamento com qualquer prefeito. Independentemente de partidos, temos que trabalhar juntos nesta pandemia”.

Os números das pesquisas de opinião com o eleitorado baiano mostram que Costa está no rumo certo. Segundo enquetes do jornal baiano A Tarde, no último mês, 52% dos baianos avaliam como muito bom o governo de Costa no enfrentamento à pandemia, outros 27% entendem como neutros e apenas 15% como péssimo. 

Se a imagem dele está bem na Bahia, a imagem do Brasil no exterior para Costa está diagonalmente oposta. “Quando estamos em viagem ao exterior, para tentar atrair investidores e apresentar as oportunidades de negócios, conclui-se que a imagem internacional do Brasil está no subsolo pelo mundo afora”, diz. “Nos envergonha muito ver a imagem do Brasil do jeito que tá lá fora”, afirma. 

“Acho que o Brasil é um país que tem muito potencial e pode em pouco tempo recuperar o seu prestígio. Quero ser a pessoa em 2022 que ajudará o Brasil a reverter essa decisão e corrigir o erro grave cometido em 2018 e possamos retomar a credibilidade, o investimento, a renda e o emprego”, conclui.