A menos de seis meses das eleições presidenciais, todas as pesquisas continuam mostrando um quadro de polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). Elas indicam que esses dois candidatos, juntos, somam cerca de 65% das intenções de voto no País. Até o momento não surgiu uma alternativa que ameace Bolsonaro e Lula na disputa, pois nenhuma sequer chegou a dois dígitos nas sondagens de forma consistente.

Ao longo do caminho temos visto algumas desistências. A mais relevante foi justamente a opção que conseguiu registrar, ainda que por pouco tempo, o tão sonhado dois dígitos de intenção de voto. O ex-juiz Sergio Moro, ao trocar o Podemos pelo União Brasil, praticamente abandonou o projeto de concorrer ao Palácio do Planalto. Outras desistências estão a caminho. O MDB não vai levar a candidatura de Simone Tebet até o final.

A tão propalada união da chamada “terceira via” está acontecendo, mas não por convergência e sim por pura descrença de alguns quanto ao largo desafio de superar a polarização. Daí o fato de abrirem mão de suas candidaturas. Outros ainda não o fizeram apenas por prudência e para negociar apoio no futuro. Nesse processo profundamente atabalhoado e descoordenado, muitas sequelas e mágoas estão se acumulando.

O ex-juiz Sergio Moro, ao trocar o Podemos pelo União Brasil, praticamente abandonou o projeto de concorrer ao Palácio do Planalto

O resultado é que a terceira via não terá unidade nem apoio em seu próprio campo. Pelo que se viu, o PSDB dificilmente abrirá mão de lançar candidato próprio à Presidência. Se João Doria for o escolhido, não terá o apoio do PSDB do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, por exemplo. Se o escolhido for Eduardo Leite, uma parte que votou em Doria pode não se engajar da forma que se espera.

O PSDB corre o risco de repetir o fiasco das eleições de 2018. Com um agravante: depois de décadas governando São Paulo, pode perder o maior estado do País. Lula tem um grupo fiel de apoiadores. Basta olhar o mínimo de votos que o partido obteve de 1994 para cá em eleições presidenciais: nunca abaixo de 29% dos votos válidos. Bolsonaro, apesar de todos os desgastes, segue com intenção de voto importante. E a terceira via? Bate cabeça, gasta energia brigando entre si, não tem discurso que sensibilize o eleitor. Está absolutamente perdida. Até a eleição, muita coisa pode acontecer. É verdade. Inclusive nada. E nada parece que vai acontecer com as chances da terceira via. A polarização entre Lula e Bolsonaro parece se consolidar cada vez mais, a cada dia. A terceira via segue sendo uma ilusão com baixa viabilidade de vingar.