Estão torrando tudo no governo. Gastando os tubos para o festival de aliciamento de eleitores. Usando o dinheiro que o desvalido caixa público tem e o que não tem. A conta chega a um monumental volume de R$ 200 bilhões. É certamente o maior estelionato fiscal da história da República, uma “pedalagem”– para usar um termo mais coloquial e muito em voga que, em outros tempos, levou ao impeachment de Dilma Rousseff – sem precedentes. O capitão Bolsonaro e sua entourage não medem esforços nem o bolso dos outros para o intento de arrancar mais quatro anos de poder. Fazem as traquinagens com as verbas do Estado em plena luz do dia, sem freios, ressalvas ou qualquer tipo de condenação, seja por parte do Legislativo ou do Judiciário, que deveriam barrar medidas claramente em discordância com a Lei Eleitoral. Mas não! Nada é contido e o presidente-candidato segue assim na cruzada da compra imoral de votos. Tem de tudo ali para arrebanhar incautos. Vale-gás, voucher de suporte ao caminhoneiro, que pode chegar a R$ 1 mil, revisões, para cima, do Auxílio Emergencial, recalculado rumo ao patamar de R$ 600, e todas as benesses ao custo sem lastro do caixa da União, que pena e certamente não tem de onde tirar tantos recursos para bancar o show oportunista do populismo escrachado. Que os cidadãos não se enganem, o pacote de “bondades” se encerra logo após o fechamento das urnas. Tem prazo contado. Apenas para agradar em tempos que o arrivista precisa do seu apoio. Depois, esquece. Quem não vai conseguir aguentar, logo a seguir, serão as contas públicas. Essas, decerto, ficarão à beira do colapso e, claro, quem inevitavelmente vai bancar a esbórnia e cobrir o rombo será o contribuinte – sempre ele – à custa de mais imposto. Somente as medidas tomadas para reduzir o preço dos combustíveis nesse ano podem sair pela bagatela de R$ 50 bilhões, via fundos de compensações dos Estados. Para se ter uma ideia dos montantes envolvidos, com apenas seis meses de subsídios ao diesel e à gasolina seria possível pagar cerca de 13 mil obras de mobilidade urbana, vitais para a retomada do crescimento. Todas as ações do governo envolvendo resultados econômicos estão voltadas hoje para armar uma verdadeira bomba financeira, prestes a explodir logo no alvorecer do próximo ano, em meio a uma dívida de valor insustentável. Sempre ocorreram oportunismos dos donos da máquina nesses períodos de campanha, às vésperas de escrutínios, mas as atuais armadilhas configuram algo totalmente inusitado em termos de contratação de compromissos impagáveis para a próxima administração. Nunca antes na história do Brasil uma gestão realizou, deliberadamente, em poucos meses tantas tramoias de gastos visando a garantir um segundo mandato. Desatino completo. Por si só, os despachos financeiros contidos em torno do famigerado orçamento secreto já configurariam um escândalo de alta octanagem. Políticos e partidos aliados estão sendo azeitados com montantes inéditos. Em apenas um dia, nada menos que R$ 3 bilhões em emendas do relator foram distribuídas para conter a base aliada em meio ao escândalo do MEC. Em modo de milícia de apoio, parlamentares regiamente compensados dizem amém às irresponsabilidades do inquilino do Planalto e a corrupção vai grassando à solta, com fervor, nas autarquias e instituições federais. Os congressistas evitam colocar o dedo na fogueira para não se queimarem junto. Já soou o alarme entre especialistas de mercado sobre uma possível insolvência nacional que levaria a tempos tenebrosos de moratória. E tudo por conta de malversações do capitão na escolha de prioridades. Para dar uma completa dimensão dos equívocos, o governo Bolsonaro foi capaz de usar aproximadamente R$ 375 milhões da chamada rubrica “sobras” do Bolsa Família para despesas militares. O “mito” quer controlar os rumos da eleição e resolveu comprar o apoio geral com as reservas alheias. Munido pelo desespero, diante das pesquisas que não lhe são nada favoráveis, apela ao desmando administrativo. As ideias calamitosas não provocam apenas danos ao erário. Elas comprometem as chances de o País reencontrar o rumo no curto prazo e desmantelam o sistema operacional em áreas realmente vitais para a população. Por conta das extravagâncias monetárias do capitão, setores como o da Educação, Saúde, Ciência e Infraestrutura ficaram à míngua. Um conflito federativo está em gestação, com os entes municipais e estaduais da República revoltados e amargando prejuízos rotundos por conta das deliberações inconsequentes do chefe da Nação. Não há nada no lugar no momento. A perda com o teto de 17% do ICMS sobre a conta de luz – mais um agrado temporário e contratado sem embasamento – chegará perto de R$ 36,5 bilhões por ano. Abusos espetados na conta da viúva. No meu, no seu, no nosso bolso. E a fatura vai chegar. Você não perde por esperar! A hora da xepa do Planalto, liquidando todas as reservas e desperdiçando destinações preciosas dos serviços essenciais, deve, por derradeiro, vitimar todo o Brasil.