Como de hábito, as projeções para a economia brasileira em 2020 são bem otimistas. Evidentemente que se forem cumpridas, o País ganhará.

Mas, nos últimos anos, as previsões dos economistas se apresentaram equivocadas. No início de 2019, por exemplo, estimava-se um crescimento do PIB pouco superior a 2%. Tudo indica — os dados ainda não foram divulgados — que a taxa tenha alcançado apenas a metade do previsto. Outros índices também ficaram distantes do estimado, como o saldo da balança comercial. Apesar de, em valores absolutos, ainda representar um valor considerável, o superávit foi o menor desde 2015.
Se as variáveis internas são difíceis de prever, mais ainda são as do mundo exterior. Quem poderia imaginar o ataque dos Estados Unidos ao líder iraniano? E as consequências — inevitáveis — desta ação? Tudo indica que haverá reação. Mas aonde? Em qual proporção? Envolverá outros países? Afetará o fornecimento mundial de petróleo?

E, geograficamente, a retaliação ficará restrita ao Golfo Pérsico? Ao Oriente Médio? Ou atingirá outros continentes?
Hoje é impossível prever algum índice seguro referente ao crescimento da economia mundial. É provável que haverá uma tensão nas relações comerciais advindas da ação norte-americana. Neste momento, o conflito Irã-EUA assume uma proporção muito superior aos embates que marcaram o ano passado entre Pequim e Washington na esfera do comércio bilateral. E pior: não há perspectiva de solução negociada no curto prazo, já que ataque que matou Qassem Soleimani exigiria uma resposta semelhante. Ou seja, uma ação terrorista rompendo com os limites estabelecidos pelo direito internacional. A manutenção da contradição ação-reação poderá levar o mundo a um cenário de enorme tensão — a maior desde o final da Guerra Fria.

E o Brasil? Agora seria a hora da ação diplomática, de um ministro das Relações Exteriores que tivesse experiência, conhecimento e foco nos interesses nacionais. Ernesto Araújo é um chanceler à altura da complexidade deste momento histórico? Infelizmente, não. A inexperiência somada ao panfletarismo barato e ao alinhamento automático — e servil — aos Estados Unidos poderá nos colocar em uma situação de risco, com terríveis reflexos no campo econômico, sem falar no perigo de trazer ao nosso território ações terroristas. Não faltaram alertas a Jair Bolsonaro de que o Itamaraty merecia um chanceler à altura.

A tensão entre Irã e EUA seria perfeita para um chanceler habilidoso reposicionar o Brasil no cenário internacional. Em vez disso, temos um panfletarista subserviente