Quando o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, apertou a mão do líder norte-coreano Kim Jong Un nesta sexta-feira na linha de demarcação da Zona Desmilitarizada, ambos uniram simbolicamente a península, que está dividida há várias décadas.

A seguir uma retrospectiva de outros apertos de mão que marcaram um ponto de inflexão em seu tempo:

– Sadat e Begin em 1977 –

Em 19 de novembro de 1977 o presidente egípcio Anwar al-Sadat foi o primeiro chefe de Estado árabe a visitar Israel desde sua fundação em 1948. Esta visita aconteceu após quatro guerras entre árabes e israelenses.

Sadat desembarcou no aeroporto de Lod, perto de Tel Aviv, para uma visita de 43 horas. Na pista de pouso, era aguardado pelo colega israelense Efraim Katzir e o primeiro-ministro Menahem Begin. Os três apertaram as mãos, quase invisíveis atrás de uma multidão de fotógrafos e seguranças.

A viagem histórica a Jerusalém abriu o caminho para os Acordos de Camp David, que possibilitaram a assinatura em março de 1979 do tratado de paz entre Israel e Egito, que foi o primeiro acordo assinado entre o Estado judeu e seus vizinhos.

Sadat, muito criticado em seu propio país, foi assassinado por um islamita em 1981.

– Arafat e Rabin em 1993 –

Depois de meses de negociações secretas na Noruega, o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yaser Arafat apertaram as mãos no jardim sul da Casa Branca, em 13 de setembro de 1993, diante do presidente americano Bill Clinton.

Na ocasião foi estabelecida a declaração de princípios para uma autonomia palestina transitória de cinco anos.

Clinton se virou então para Rabin e apertou sua mão e depois fez o mesmo com Arafat. Em seguida, o presidente americano abriu os braços e criou o espaço para que Arafat e Rabin dessem um aperto de mãos que entrou para a história, muito aplaudido pelos presentes.

Rabin foi assassinado um ano depois por um extremista judeu contrário ao processo de paz, que no ano seguinte começou a perder força.

– Chávez e Obama em 2009 –

Em 17 de abril de 2009, Barack Obama e o presidente venezuelano Hugo Chavez, grande crítico da política americana, apertaram as mãos de forma inesperada no início da Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago.

O breve encontro ganhou as manchetes em todo o mundo e rendeu muitas críticas do Partido Republicano ao presidente americano.

O cumprimento, no entanto, não provocou nenhuma mudança nas relações entre Washington e Caracas.

– Rainha Elizabeth e Martin McGuinness em 2012 –

Em um gesto fundamental do processo de paz na Irlanda do Norte, a rainha Elizabeth II se reuniu com Martin McGuinness, ex-comandante do grupo armado IRA gue durante anos enfrentou o exército britânico.

O IRA desejava acabar com a presença britânica na província e, para isto, queria uma união com a República da Irlanda. Posteriormente McGuinness, falecido em 2017, se tornou um dos líderes que negociaram o fim dla violência.

McGuinness, que na época era vice-ministro principal da Irlanda do Norte, apertou a mão da rainha quando a soberana visitou a província em 2012.

– Obama e Castro em 2013 –

No funeral de Nelson Mandela em 2013, o presidente americano Barack Obama e o líder cubano Raúl Castro apertaram as mãos, um gesto simbólico dos governantes de dois países que durante décadas foram grandes inimigos.

Em poucos meses, um rápido degelo foi registrado e, em julho de 2015, as relações diplomáticas plenas foram restauradas após mais de meio século de inimizade.

Obama visitou Cuba em 2016, na primeira viagem de um presidente americano à ilha em 88 anos. Washington aliviou o embargo sobre a ilha e as companhias aéreas americanas começaram a viajar para Havana em novembro de 2016.

– Santos e Timochenko em 2015 –

Em 23 de setembro de 2015 em Havana, o presidente colombiano Juan Manuel Santos e o líder da guerrilha das FARC Rodrigo Londoño, conhecido como Timoleón Jiménez ou Timochenko, estabeleceram o pacto de justiça, que era parte dos diálogos de paz, com um aperto de mãos, na presença do líder cubano Raúl Castro.

O momento aconteceu após três anos de negociações de paz entre o governo colombiano e a guerrilha, agora transformada em partido político.