‘A Herança’, filme de terror queer nacional, estreia nesta quinta-feira e surge como aposta no horror brasileiro

Filme estreia nesta quinta-feira, 21
Filme estreia nesta quinta-feira, 21 Foto: Divulgação

Cuidado, contém spoiler!

“A Herança”, filme de terror queer brasileiro, estreia nesta quinta-feira, 21. O longa conta a história de Thomas (Diego Montez), um jovem que retorna ao Brasil com seu parceiro Ben (Yohan Levy) após descobrir a morte de sua mãe. Contudo, nada é o que parece ser e o casal logo começa a presenciar uma série de acontecimentos malignos.

Em entrevista ao site IstoÉ Gente, os atores principais e a equipe responsável pela produção e direção da obra comentaram sobre os bastidores e alguns detalhes do que promete ser um forte nome no horror brasileiro.

O longa nasceu de uma forma no mínimo curiosa. Tatiana Leite, produtora de “A Herança”, conta que após uma vontade repentina de fazer um filme de terror, resolveu entrar em contato com João, amigo de longa data. “Mandei um e-mail para o João, que era apenas um subject [assunto] ‘Oi, vamos fazer um filme de terror’”, começa.

“No dia seguinte, o João foi lá para casa e a gente sentou e fez um brainstorm das ideias iniciais base do filme. Foi uma coisa muito entre eu e ele, inicial. Foi muito deliciosa. Já era muito acometedor desde o princípio. A partir daí, a gente foi agregando outras pessoas no projeto.” 

Filme estreia nesta quinta-feira, 21

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Por outro lado, a cena inicial do filme estava planejada desde o inicio. Os primeiros segundos deste horror são bastante marcantes pelo ângulo da câmera em cima de uma escada, que junto com a trilha sonora, incomoda e traz uma sensação de ansiedade para o espectador, o atraindo a ficar mais um pouco. 

“A ideia era exatamente pensar algo que introduzisse a ideia, o clima do filme, a sensação, para que as pessoas entendessem o tipo de filme que iriam ver só nos créditos, no plano dos créditos iniciais.  Foi uma dificuldade, em termos de produção, encontrar aquela escada, porque a gente já sabia que tinha que ser uma imagem que tivesse algum impacto”, explica João Cândido, diretor e roteirista. 

“Não podia ser uma escada brasileira, porque, em teoria, a gente filmou Berlim, no Leblon e no centro do Rio de Janeiro. Era muito importante que essa escada, que esse clima viesse de uma coisa fria.”

Personagens

João, que dirigiu um filme pela primeira vez, conta que o personagem principal, Thomas, tem bastante dele em si e comparou o processo da construção de um longa a fazer um bolo. “Eu perdi a minha mãe quando a gente já estava trabalhando no filme. Não foi uma coisa calculada, tipo, ‘agora vou usar essa experiência e contar a minha história aqui nesse filme’. Não, mas eu estava passando por coisas do tipo… Encontrar uma caixinha com coisas que eu não conhecia, questões familiares.”

“A gente estava fazendo um bolo. Escrever um roteiro é fazer um bolo. Jogando um monte de coisa para ver se ele cresce. Isso foi contribuindo para crescer esse bolo.”

Filme estreia nesta quinta-feira, 21

DivulgaçãoFilme estreia nesta quinta-feira, 21

A preparação para os personagens levou cerca de um mês. Para Diego, que interpreta alguém que descobriu uma família totalmente nova depois de adulto, esse tempo serviu para “criar com calma cada aspecto emocional”.

“Quando a gente foi para o jogo, quando a gente foi para o set, estava tudo muito mais claro para a gente. Foi muito mais fácil da gente se entregar a uma imersão completa e simplesmente viver aquele material. Se deixar sentir e se permitir sentir aquelas coisas também.”

Já para Yohan, ator francês em sua primeira produção brasileira, o preparo o ajudou a construir a fase de sustos de Ben. 

“O Ben vai descobrindo elementos que indicam que algo está errado nessa casa. E a gente dividiu o roteiro em fases de susto. Para saber, independente da ordem de rodagem, em que estado, em que nível de susto o personagem estava antes de rodar. Foi a primeira vez que fiz isso.”

O relacionamento entre os dois também é um ponto central na trama. O casal pisa em ovos perto das tias do rapaz brasileiro, Vitória (Analu Prestes) e Berta (Cristina Pereira), não revelando em nenhum momento que estão juntos. Por outro lado, as cenas mais “reais” acontecem em torno deles.

“Tem duas cenas de sexo. No filme. Uma entre dois homens. E uma entre um homem e uma mulher, que são muito diferentes. Tem propósitos muito diferentes. Dentro do filme. É parte do nosso discurso.”

No final, mesmo adorando ter produzido o longa, João não descarta que enfrentou dificuldades. “Olhando pra trás, fazer um filme de terror tem desafios diferentes. Eu já tinha feito curtas, mas eram muito simples, eram muito baseadas em diálogo e atuação. Tem questões tão específicas do terror, até mesmo os efeitos especiais, que são uma coisa objetiva, muito clara, que é realmente um desafio mesmo. São pequenos desafios que talvez a gente não tivesse em outra produção. Se a gente tivesse fazendo um drama ou uma comédia seria um pouco mais simples.”

Confira o trailer

Ficha técnica

Dirigido por João Cândido Zacharias

Produzido por Tatiana Leite

Coprodução: Rodrigo Letier, Sabrina Garcia

Produção executiva: Tatiana Leite, Paula Pripas, Anna Julia Werneck, Roberta Oliveira

Direção de produção: Lucas H. Rossi

Roteiro: João Cândido Zacharias, Fernando Toste

Ideia original: João Cândido Zacharias, Tatiana Leite

Elenco: Giovani Barros

Preparação de elenco: Marcelo Grabowsky

Direção de fotografia: Guilherme Tostes

Direção de arte: Elsa Romero

Figurino: Diana Leste

Caracterização: Cleber de Oliveira

Montagem: Livia Arbex

Música e edição de som: Bernardo Uzeda

Som direto: Jonathan Macías

Mixagem: Gustavo Loureiro

Supervisão de efeitos especiais: Pedro Henrique Figueira, Antonio Baines

Elenco: Diego Montez, Yohan Levy, Cristina Pereira, Analu Prestes, Ana Carbatti, Luiza Kozowski, Jimmy London e Gilda Nomacce

*Estagiária sob supervisão