Okirchnerismo deixou um longo rastro de corrupção na Argentina que não para de ter desdobramentos. Na segunda-feira, 17, o juiz federal Claudio Bonadio ordenou a prisão preventiva da ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner, sob acusação de comandar uma organização criminosa formada por funcionários públicos para fraudar licitações do governo. O escândalo dos “cadernos de propinas”, como é chamado o caso, está fincado em minuciosas anotações contábeis feitas em oito cadernos escolares, durante 10 anos, por Oscar Centeno, motorista de Roberto Baratta, secretário e homem forte de Julio De Vido, preso desde o ano passado. Vido era o ministro do Planejamento entre os anos de 2003 e 2015 e elemento chave do esquema comandado por Cristina e Néstor Kirchner, morto em 2010. Baratta calcula ter transportado US$ 56 milhões em espécie durante o período.

A trama toda envolve cerca de 20 empresas e uma movimentação de recursos estimada pela Justiça em mais de US$ 160 milhões. As empresas envolvidas teriam vencido licitações durante 12 anos com a interferência da família Kirchner. Até o momento, 13 investigados foram presos, entre eles Centeno e Baratta, depois de mais de 50 operações simultâneas de busca e apreensão. Além da ex-presidente, outros 36 ex-funcionários e empresários estão sendo processados. O caso atingiu Ângelo Calcaterra, primo do atual presidente argentino, Mauricio Macri, e também a construtora Iecsa, que pertencia à sua família..
Cristina só poderá ser presa se dois terços dos senadores aprovarem a perda de seu foro privilegiado, o que é pouco provável. Os governistas, dentro da Câmara Alta, são minoria e, além disso, o líder do peronismo federal, Miguel Ángel Pichetto, descartou a possibilidade de prisão. No mês passado, Cristina compareceu ao tribunal, mas se negou a responder aos questionamentos do juiz Bonadio.

A ex-presidente entregou um documento para pedir a nulidade do processo. O apartamento particular dos Kirchners em Buenos Aires, a residência presidencial na Quinta de Olivos e a Casa Rosada, sede do governo, aparecem nas anotações do motorista Centeno como destino de entregas de sacolas de dinheiro. A residência de Cristina foi alvo de busca e apreensão. A senadora afirma sofrer perseguição política. “A invasão das residências é um show midiático”, declarou.

Eleições de 2019

O escândalo dos “cadernos de propinas” é uma espécie de operação Lava-Jato argentina. Embora a prisão de Cristina esteja praticamente descartada, as acusações contra ela podem afetar suas pretensões eleitorais. Ela pretende disputar a presidência em 2019. A Argentina enfrenta uma grave crise econômica, com uma onda de saques a lojas e supermercados. A inflação no país pode chegar a 30%, esse ano, e a economia registra uma queda de atividade de 5,8%.

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