“Quando começamos a tocar a primeira música, soamos tão bem que fizemos o que toda banda faz nessa situação: começamos a rir.” Quem conhece o estilo melancólico dos britânicos do The Smiths dificilmente imaginaria que a sessão de estreia do grupo em um estúdio geraria uma reação tão divertida. Essa é uma das boas revelações contidas em Set the Boy Free, autobiografia do guitarrista Johnny Marr. Considerado um dos músicos mais criativos de sua geração, ele lembra o amor pelo instrumento ainda na adolescência, época em que se uniu ao cantor Morrissey na cidade de Manchester. Dos primeiros shows do The Smiths na casa noturna Haçienda às grandes turnês nos EUA, o livro é uma viagem pelo universo pop dos anos 1980, com detalhes sobre o relacionamento entre os artistas do período e abundantes informações técnicas sobre os modelos de guitarras que Marr acumulou ao longo dos anos. Após o fim da parceria com Morrissey, ele tornou-se um cobiçado músico contratado, tendo dividido o palco com The Pretenders, The The, Modest Mouse e o projeto Electronic, parceria com Bernard Summer, ex-New Order. Após tocar com tanta gente, Johnny Marr narra o processo que o levou a se tornar um bem-sucedido artista solo, assumindo o posto de vocalista e elevando a música pop à condição de arte.

Influente desde os anos 1980

O livro Set the Boy Free (capa abaixo) mostra que poucas grupos tiveram tanto impacto quanto o The Smiths. Fundada em 1982, a banda durou apenas cinco anos, tempo suficiente para que a dupla Morrissey-Marr revolucionasse o som pop com suas melodias originais e letras que remetiam aos escritores britânicos W. B. Yeats e Oscar Wilde. Foram os pioneiros de uma leva de artistas que conquistariam o mundo nos anos seguintes, entre eles Depeche Mode, U2, New Order e The Cure.