Raul Velloso, um dos maiores especialistas em contas públicas do País, participou de outra live de ISTOÉ, nesta terça-feira (3). O economista fez uma análise do cenário econômico nacional e apontou os principais equívocos do governo federal na condução da política fiscal. Para ele, o Brasil não está caminhando para o precipício em relação à agenda econômica.

“É um exagero. O Brasil não está em insolvência”, avalia.

Velloso considera que o ministro da economia, Paulo Guedes, está numa situação delicada para se sustentar no cargo.

“Ele já passou por vários percalços por aí, e sobreviveu. Até o final do ano, provavelmente, a situação dele seja, de novo, colocada em discussão”, destacou.

No bate-papo, o economista falou sobre a dívida pública brasileira, que caminha para quase 100% do Produto Interno Bruto e citou outros países, como Japão que tem dívida acima de 200% do PIB.

“A gente não é a bola da vez. Lamento que a estratégia governamental de lidar com essa imagem ruim não esteja funcionando”, ponderou.

“Não tem como não atribuir a responsabilidade ao “Posto Ipiranga”[Paulo Guedes]”, completou.

O economista chamou atenção para o fato do falou sobre o programa de renda emergencial, que se encerra no fim do governo não ter sido capaz, até agora, de demonstrar o que está se fazendo aqui para sair da crise econômica e financeira, mas que o cenário não é para entrar em desespero.

“O que precisa ser feio é só olhar o que o mundo está fazendo é fazer coisa parecida. É um absurdo olharmos o mundo de forma diferente. O Brasil é parte desse mundo. Eu não posso achar que somos um coitadinho. Precisamos incutir confiança na Comunidade Internacional de que sabemos o que fazer e que temos um caminho para prosseguir, alerta.

Para Velloso, os investidores internacionais olham para o Brasil e avaliam: “Esses caras não sabem o que estão fazendo. Estamos vivendo a maior tempestade da nossa história e as políticas, na verdade, são sempre as mesmas. A gente vê o governo completamente inerte em relação à coisas que acontecem e complicam a vida do investidor privado”, diz.

Crítico da tese do teto dos gastos públicos, que, para ele, é a única coisa que faz é zerar os investimentos.

“O investidor privado vai entrar onde as condições permitiram que ele tenha o melhor retorno possível, comparado com outras possibilidades. Então, aí, o privado e o público terão de entrar onde a taxa de retorno para sociedade como um todo for maior”, analisa.

“A gente tem que guerrear é para o bem-estar da população. O resto é conversa fiada. Para isso, nós temos de encontrar o caminho para o investimento”, conclui.