16/06/2021 - 11:08
Na segunda-feira, 14, a médica Mayra Pinheiro postou uma foto nas redes sociais em que mostra ter sido vacinada contra a Covid-19. A atual secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde é uma das maiores defensoras do tratamento precoce, aquele baseado no uso de medicamentos que não funcionam no combate à pandemia. Sua militância neste tema é tão intensa que lhe rendeu apelido e “capitã cloroquina”. “Devidamente vacinada contra a covid-19”, escreveu Mayra na imagem em que está segurando toda sorridente seu cartão de vacinação.
O post movimentou as redes sociais, rendendo à médica críticas vindas de todos os lados. Do lado bolsonarista, a publicação parece ter sido uma surpresa. Muitos seguidores de Mayra e que também defendem o governo do capitão negacionista ficaram sem entender a atitude da médica. A maioria não acredita na eficácia da vacina e até então se via representada pelo discurso genocida do governo, que busca basicamente desacreditar o que funciona e enaltecer aquilo que não funciona.
Já para quem é crítico do mandatário, a mensagem transmitida pela foto de Mayra carrega requintes de crueldade. Parece fazer parte de uma estratégia desumana que volta e meia desperta suspeitas de brasileiros que, dia após dia, têm perdido parentes e amigos para o coronavírus. A impressão que ficou para muita gente é que nem mesmo a “capitã cloroquina” acredita na bandeira que ela carrega. Afinal: se diz tanto que a cloroquina salva vidas, por que então se vacinar? Por que recorrer a um método tão questionado pelo seu chefe?
A vacina é a única saída para o controle da pandemia em qualquer canto do planeta. Já está mais do que provado pela ciência. É muito difícil lutar contra fatos. Resta à ideologia cega apenas curvar-se diante deles. Mayra talvez saiba disso. Tanto é que não pensou duas vezes antes de divulgar a imagem de sua própria imunização. Ela só esqueceu de avisar os amigos do presidente, craques em acreditar em qualquer coisa, desde que chancelada pela voz de seu guru. Do jeito que está, o que Mayra diz é: “Vacina para mim, cloroquina para os outros”.