R$ 3,6 milhões – Esse é o preço avaliado por imobiliárias paraguaias para a mansão que o doleiro Messer possui no Paraná Country Club, em Hernandarias, no Paraguai (Crédito:Divulgação)

Na avaliação de delegados da Polícia Federal, a Operação “Câmbio, desligo”, desenvolvida a partir do dia 3 de maio, tem potencial para gerar mais uma nova Operação Lava Jato. É um potencial impressionante, já que a Lava Jato é, de longe, a maior ação de combate à corrupção desferida no país. O potencial vem do fato de que a nova operação envolve 46 doleiros que tiveram prisão decretada, dos quais 11 continuam foragidos e estão sendo caçados pela Interpol no mundo afora. Entre os fugitivos está Dario Messer, considerado como o “doleiro dos doleiros”, que atua a partir do Rio de Janeiro, mas que tem base em Hernandárias, no Paraguai, e operações no Uruguai e outros 52 países envolvidos com esquemas de lavagem de dinheiro. Messer acumulou uma fortuna de US$ 24 milhões (R$ 86,4 milhões) nos últimos sete anos com a lavagem de dinheiro para empresários e políticos brasileiros. Alertado sobre a operação da PF, Messer fugiu antes de ser preso e possivelmente esteja escondido no Paraguai ou em Israel, onde sua família teve origem.

R$ 13 milhões – Valor estimado por imobiliárias do Rio de Janeiro para a cobertura do doleiro no sofisticado bairro do Leblon (Crédito:Divulgação)

Galeria de arte

A fortuna de Messer é incalculável entre imóveis milionários no Rio e no Paraguai, em jóias caríssimas e obras de arte estimadas em no mínimo R$ 30 milhões, referentes a 39 quadros de artistas como Di Cavalcanti, Portinari, Sigaud e Pancetti, apreendidos pela PF na cobertura do doleiro na avenida Delfim Moreira, no luxuoso bairro do Leblon, no Rio. Um único Di Cavalcanti que ornamenta a sala de seu apartamento está avaliado em R$ 1 milhão. O apartamento vale R$ 13 milhões. Antes da operação, no entanto, ninguém dava nada por ele. Apesar de milionário, Messer andava pelas ruas do Leblon à bordo de um scooter sem placas (para não tomar multas). Não usava capacete e estava sempre vestido com hábitos franciscanos: bermuda, camisa surrada e chinelos.

A operação da PF acabou trazendo luz às atividades ilegais de Messer. Ele foi denunciado em delações dos doleiros Cláudio Barbosa, o Tony, e Vinícius Claret, o Juca Bala, presos durante as investigações que levaram o ex-governador Sérgio Cabral para a cadeia. A PF acabou descobrindo que o “doleiro dos doleiros” é responsável por gerir 3 mil empresas offshore em 52 países, que movimentavam US$ 1,6 bilhão (R$ 5,7 bilhões) e ficam em paraísos fiscais, onde são usadas para ocultar o verdadeiro dono do patrimônio depositado em contas secretas. Para lavar o dinheiro, Messer chegou a montar um banco em Antígua e Barbuda, na América Central, denominado EVG. De 2011 a 2016, esse banco deu um lucro de US$ 15 milhões para Messer. Sua vida de ilícitos atinge também suas atividades no Paraguai, onde tem imóveis e uma relação muito estreita com o presidente daquele País, Horácio Cartes. Dario herdou o ofício de doleiro de seu pai, Mordko Messer, um especialista nesse tipo de crime. Empresários e políticos brasileiros estão em pânico com a revelação do esquema de Messer e com o que ele poderá falar quando for preso.