A carreira de modelo da maranhense Nara Almeida começava a decolar em meados de 2017 quando ela recebeu um diagnóstico desalentador. As fortes dores que ela sentia no estômago eram causadas por um câncer. Abalada, decidiu compartilhar a notícia com os milhares de seguidores que já a acompanhavam no Instagram. “A única coisa que conseguia fazer era chorar, mas não era um choro de tristeza”, escreveu. “Compartilharei tudo que servir de inspiração, tudo que faça com que vocês saiam do automático”. A decisão, ousada, fez com que um número cada vez maior de pessoas passasse a curtir e a apoiar a modelo a cada etapa do tratamento, mandando mensagens de força. Nara se tornou assim um grande exemplo da luta contra o câncer para a geração que está habituada a seguir influenciadores digitais e youtubers apenas para saber o que vestem, comem ou como se divertem. Desta vez foi diferente. “As pessoas têm a tendência a se mostrarem empáticas com aquelas que estão vivendo um momento mais complicado”, afirma o psicólogo Yuri Busin. Os números na conta de Nara no Instagram reforçam a ideia da empatia. Hoje, ela tem 3,2 milhões de seguidores — e suas postagens atingem cerca de 800 mil curtidas cada. Antes da doença, a média era de 7 mil. Ela recebeu também o apoio de diversas celebridades. A cantora Larissa Manoela, por exemplo, pagou uma viagem para que a mãe de Nara encontrasse a filha após quase 20 anos. Cada postagem sua recebe manifestações carinhosas de Adriane Galisteu, Sabrina Sato e outras famosas.

O grande alcance que a modelo tem nas redes sociais também ajuda a desmistificar a doença e serve de apoio para aqueles que enfrentam uma situação parecida. “Muitas pessoas buscam compensação emocional nas redes sociais para algo que estão sentindo”, diz Busin. Este é um caso em que essa busca tem um efeito benéfico. Segundo o psicólogo, muitos se sentem solitários após um diagnóstico como o de Nara. A rede que se formou em torno da modelo, que não esconde nenhuma etapa do tratamento e aborda temas como depressão e a gravidade dos tratamentos contra o câncer, pode oferecer informação e conforto.

Nara nasceu na pequena cidade maranhense de João Lisboa. Foi criada pelos avós e começou a trabalhar muito cedo. Mudou-se para Goiânia antes de se instalar definitivamente em São Paulo. Lançou uma confecção e vendia peças pela internet. Suas fotos começaram a atrair mais seguidores e ela chegou a firmar parcerias com algumas marcas. Foi nesse momento que descobriu o câncer no estômago, comum em mulheres idosas, mas bastante raro na idade de Nara. Ela vem passando por sessões de quimioterapia e radioterapia para conter o avanço do tumor. Atualmente, vive ao lado do namorado, o youtuber Pedro Rocha, e recebe o apoio da sogra e da mãe.

DIA A DIA Imagens de Nara na praia, internada e antes de receber o diagnóstico: cada momento é seguido por milhões

O risco da exposição

Evidentemente, redes sociais não amplificam apenas mensagens positivas. Logo no início do tratamento, Nara foi à praia e postou fotos em que aparecia de biquíni. Recebeu mensagens de pessoas perguntando sobre a dieta que estava fazendo. “Só eu sei o quanto estou debilitada. Não consigo me alimentar mais”, escreveu. “Uma mensagem pode mudar seu dia. Para melhor… ou pior”, disse ela em outra postagem.

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“Muitos pacientes sentem necessidade de compartilhar suas histórias. Mas sempre avisamos que eles precisam estar preparados para encarar comentários negativos e críticas”, afirma o psicólogo Busin. Se a pessoa estiver ciente dessa possibilidade, o compartilhamento costuma ter mais benefícios do que contra-indicações.

 


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