O MDB está de volta ao cenário político com bastante força. O partido elegeu 784 prefeitos, liderando o ranking das agremiações com o maior número de prefeituras. Na sequência vieram PP, PSD, PSDB e DEM. Juntos, esses partidos administrarão quase três mil cidades. Um grande cacife para 2022. E à frente desse processo bem-sucedido do MDB está o deputado Baleia Rossi, presidente nacional do partido, filho de um dos expoentes da legenda no passado, Wagner Rossi. Baleia conseguiu manter a estrutura municipalista do MDB, consolidando-se como um dos líderes que influirá na eleição presidencial daqui a dois anos. Seu passe será muito disputado e ele já deu todos os indícios de que deverá se alinhar a outros candidatos de centro que deverão se unir para derrotar Bolsonaro.

Câmara

A vitória nas urnas credencia Baleia Rossi para passos maiores, já que é visto como um dos candidatos
à presidência da Câmara com maior viabilidade. Se Rodrigo Maia não conseguir a reeleição, Baleia tem tudo para se eleger presidente, com apoio de Doria, de todo o centro e até de partidos da oposição a Bolsonaro, que não aceitam Arthur Lira.

Reformas 

Além disso, Baleia deverá ser um dos parlamentares com maior influência na discussão das reformas em 2021, especialmente sobre a tributária, já que o principal projeto que está no Congresso sobre a reestruturação fiscal é de sua autoria. Baleia propõe mudanças no sistema de cobrança de tributos que permitirão a retomada dos investimentos.

Surfando na onda azul

Pedro Ladeira

O prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto (ACM), presidente nacional do DEM, está nas nuvens. O seu partido fez 464 novos prefeitos, o dobro do que tinha em 2016. Além disso, elegeu Bruno Reis como seu sucessor ainda no primeiro turno, impondo uma derrota acachapante ao PT. Deve ser candidato a governador da Bahia em 2022. Outro que terá grande influência na sucessão de Bolsonaro.

Retrato falado

“A CPMF morreu” (Crédito:Roque de Sá)

O senador Fernando Bezerra Coelho, líder do governo, diz que Bolsonaro desistiu da ideia de Guedes de recriar a CPMF. Para ele, as reformas deveriam, sim, reduzir a carga de impostos e promover mudanças administrativas. “Temos que cortar na carne. Está na hora de tomar medidas amargas e mostrar que o País tem compromisso com a disciplina fiscal.” Coelho aproveitou para criticar a postura do deputado Eduardo Bolsonaro nos ataques à China. “Ele não representa o governo.”

Governo motosserra

O governo Bolsonaro está colhendo o resultado da gestão de Ricardo Salles, de fechar os olhos para permitir que a boiada de medidas contra o meio ambiente passasse tranquilamente. Em um ano, de agosto de 2019 a julho de 2020, o desmatamento na Amazônia cresceu 9,5%, em comparação com igual período de 2018 a 2019. Ou seja, foram derrubados 11.088 km2 de floresta, um recorde na última década, de acordo com os dados do Inpe. E, desta vez, os números desastrosos foram divulgados pelo próprio vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, novo responsável pela preservação ambiental na região. Nem os militares conseguem parar o ministro motosserra.

Mourão

Ao divulgar os números da tragédia, o general, que não convidou Ricardo Salles para o evento, foi bastante duro em relação à devastação e não deixou de criticar o próprio governo. Para ele, o combate ao desmatamento ilegal começou tarde este ano. Ele acha que o Ibama deveria ser mais atuante.

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Tiro no pé

Sergio Moro tomou uma decisão que o coloca mais perto de uma carreira profissional de sucesso do que da disputa para a presidência da República em 2022. Tornou-se executivo da empresa Alvarez & Marsal, que vai trabalhar no processo de recuperação do grupo Odebrecht. Em 2016, ele colocou todos os diretores da empresa na cadeia por corrupção.

Andressa Anholet

Washington

Moro tentou dourar a pilula, dizendo que só vai acompanhar o trabalho de recuperação da empreiteira, para garantir que ela acabe com as práticas de corrupção, suborno e crime organizado. Um dos acertos de Moro é passar um tempo morando em Washington. Resta saber como estará sua imagem quando voltar ao Brasil para a campanha de 2022.

Racismo nas eleições

A prefeita eleita de Bauru, Suéllen Rossim, de 32 anos, sentiu na pele o que é ser mulher e negra no interior de São Paulo. Sofreu agressões racistas pelo WhatsApp e até ameaças de morte. “A senzala ficará no poder por 4 anos em Bauru”, dizia o texto de uma das mensagens. A polícia está investigando.

Toma lá dá cá

Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo (Crédito:Divulgação)

Como foi derrotar Luiz Marinho, ainda no primeiro turno, na cidade que era o berço do PT e de Lula?
A população teve a clareza de que os maus gestores não devem retornar. Quando foi prefeito antes de mim, Luiz Marinho deixou a cidade abandonada, maltratada e endividada.

Como assim?
Ele deixou até três contas de luz da prefeitura atrasadas para eu pagar. Quem faz isso não consegue nem administrar sua casa, quanto mais uma cidade com um milhão de habitantes.

O senhor conseguiu sanear a cidade nesses quatro primeiros anos?
Na verdade, ele deixou um grande programa de obras paralisadas, que eu retomei. Conseguimos arrumar a bagunça que eles deixaram aqui. Só em dívidas herdamos R$ 200 milhões.

Rápidas

* É criminoso o que o governo fez com a contratação de uma empresa de comunicação, por R$ 2,7 milhões, para elaborar uma lista com 81 jornalistas considerados “detratores” por escreverem reportagens contrárias ao Ministério da Economia e Paulo Guedes, por exemplo.

* Entre os jornalistas “inimigos” do governo estão Guga Chacra (TV Globo) e Rubens Valente (UOL). É uma ação semelhante à feita pela Gestapo nazista. Com a palavra Fábio Wajngarten, um dos chefes da Secom de Bolsonaro.

* O STF decidirá nos próximos dias: será a própria Câmara e o Senado que resolverão se os presidentes Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre poderão ser candidatos à reeleição. As duas Casas terão que aprovar emendas nesse sentido.

* O problema é que isso precisará ser aprovado até fevereiro, quando acontecerá a eleição das novas mesas diretoras, o que dificilmente ocorrerá. Portanto, Alcolumbre pode tirar o cavalinho da chuva. O MDB vem aí.


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