Da esq. para a dir.: Lino José Rodrigues VP NotreDame Intermédica, Cristiano Moreira Presidente da Refit, Eduardo Mufarej Presidente da RenovaBR, Patrice Etlin CEO Advent, Rossieli Soares da Silva Ministro da Educação, Sérgio Sá Leitão Ministro da Cultura, Marcos Molina Presidente da Marfrig, João Doria Governador eleito de São Paulo, Caco Alzugaray Presidente Executivo da Editora Três, Octávio de Lazari Jr Presidente do Bradesco, Luis Roberto Barroso Ministro do STF, João Miranda CEO Votorantim, João Paulo Barrera Estudante, Pabllo Vittar Cantora, Jéssica Ellen Atriz, Marcelo Adnet Ator, Simone Medina Mãe do surfista Gabriel Medina, Fabíola Teixeira Estudante, Cícera Maria de Oliveira Aposentada, Luiz Felipe Scolari Treinador de futebol, Celso Masson Diretor de Núcleo da ISTOÉ Dinheiro, Carlos José Marques Diretor Editorial da Editora Três, Bruno Lima Relações Públicas, Geovani Martins Escritor, Sérgio Pardellas Diretor de Redação da ISTOÉ (Crédito:Gabriel Reis)

O otimismo em relação ao futuro do Brasil marcou a cerimônia do prêmio Brasileiros do ano 2018, da ISTOÉ, realizada na noite de segunda-feira 3 no Credicard Hall, em São Paulo. O grande homenageado da noite foi o eleitor, que protagonizou as mudanças exigidas pelos brasileiros através do exercício da cidadania demonstrado nas urnas. Em um ano de intensa participação e discussões políticas, seja nas ruas ou nas redes sociais, a população brasileira rompeu com a velha política e fez vitoriosos os que professaram novos padrões éticos. “O que mais nos deixa otimistas é a força, a determinação, a resiliência e a competência da sociedade brasileira, que sempre foi o motor propulsor deste país e nos tirou das sucessivas e profundas crises, estas sim causadas pela classe política que nos representou até aqui”, disse Caco Alzugaray, presidente executivo da Editora Três, que abriu a cerimônia. O relações públicas Bruno Lima, de 30 anos, a aposentada Cícera Maria de Oliveira, de 73 anos, e a estudante Fabíola Teixeira, de 22 anos, receberam troféus em nome dos eleitores brasileiros, ávidos por um País que dê oportunidade a todos. “Obrigado à Editora Três por dar voz ao povo brasileiro. Toda história tem dois lados e vocês deram voz ao nosso lado”, disse Bruno, que também representou a comunidade LGBT.

A força da justiça

O prêmio contou com a presença de autoridades, como o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, o ministro da Educação, Rossieli Soares, empresários, como os presidentes do Bradesco e da Votorantim, Octávio de Lazari Jr e João Miranda, respectivamente, além de políticos como o deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE). Foi sentida a falta do fundador da Editora Três, Domingo Alzugaray, falecido em 2017, porém sua memória e desejo de construir um País melhor foram e continuam sendo os pilares da luta pelo crescimento do Brasil. Seu filho Caco Alzugaray enfatizou que essa esperança é maior que a distância ideológica que o separa do novo governo e citou os indicadores que sinalizam a retomada da economia, como a queda da inflação e da taxa Selic e a implementação do teto do gasto público. “O governo Temer, sob a nossa ótica, fez a melhor transição que poderia ter havido”, disse ele.

Um dos premiados foi o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, na categoria Justiça. “Eu gostaria de dedicar esse prêmio aos delegados, procuradores e juízes que procuram construir um País melhor e maior. A história nem sempre é linear, ela é cheia idas e vindas, mas a direção certa é mais importante que a velocidade em que ela acontece” disse o ministro, que recebeu o troféu das mãos do Diretor Editorial da Editora Três, Carlos José Marques. Ao proferir o voto no julgamento que manteve o ex-presidente Lula na prisão, o jurista de 60 anos demonstrou uma atuação exemplar de combate à corrupção. “A vida é plural e completa muitos pontos. É preciso entender e compreender a todos. As coisas na vida têm a cor da lente pela qual a gente está olhando para elas”, disse ele durante a premiação.

A pluralidade presente no discurso de Barroso marcou a noite de premiação. O reconhecimento na categoria música foi dado à cantora Pabllo Vittar, que é um dos fenômenos do pop brasileiro. Seu primeiro single, “Problema seu”, teve 42 milhões de visualizações no Youtube. Este ano ela lançou seu segundo disco, “Não Para Não”, que foi gravado em Los Angeles, nos EUA, e já vem ganhando reconhecimento mundial. Em seu discurso de agradecimento, Pabllo falou em nome dos artistas LGBT. “Agradeço a todas as Marias, Fernandas, Dandaras, Pabllos Vittar, a todas as travestis”, afirmou a cantora.

O escritor Geovani Martins, que acaba de lançar o livro “O Sol na Cabeça”, com a história dos jovens que vivem nas comunidades no Rio de Janeiro, foi o premiado na categoria Cultura. “Queria agradecer ao pessoal das bibliotecas públicas, aos professores. Esse prêmio também é de vocês”, disse ele, que prestou homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada no começo do ano no Rio. Já a atriz Jéssica Ellen, premiada na categoria televisão, surpreendeu a todos ao tirar os sapatos para receber o troféu. “Prefiro ficar com os pés no chão porque é assim que eu fui criada”, disse ela, que na minissérie “Assédio”, da TV Globo, interpreta o papel de Daiane, uma secretária abusada pelo médico Roger Sadalla.

O ator e humorista Marcelo Adnet recebeu o reconhecimento na categoria Comunicação e arrancou boas risadas do público ao iniciar seu discurso com as famosas imitações de Marina Silva, Álvaro Dias e Jair Bolsonaro. Adnet foi sem dúvida nenhuma o humorista de maior sucesso esse ano com suas interpretações caricatas dos candidatos à Presidência, fundamentais para trazer leveza e descontração ao pesado clima de disputa nas eleições que dividiram o País. “Queria agradecer à minha mãe, a maior responsável por eu estar onde estou, que me deu tudo mesmo quando não tínhamos nada”, disse Adnet. “Quero dedicar também esse prêmio a Marielle Franco e também a imprensa que sempre foi livre e democrática. Ao humor e também à cultura brasileira”, disse ele.

Os campeões

O técnico Luiz Felipe Scolari foi o destaque no Esporte. Aos 70 anos, Felipão levou apenas quatro meses para transformar o time do Palmeiras em Campeão Brasileiro em 2018. Além de ser o 27º título de sua carreira, a conquista foi sua redenção com os brasileiros após o 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil, quando era técnico da seleção na Copa em 2014. “Voltar ao Brasil após alguns anos fora como treinador e receber esta homenagem é muito importante na minha vida e na minha carreira”, disse Felipão. Gabriel Medina, também uma relevante personalidade no esporte em 2018, não pôde estar presente na cerimônia, mas enviou um vídeo à premiação e sua mãe Simone Medina foi ao palco representá-lo. “Estou muito feliz em receber esse prêmio. Infelizmente estou no Havaí me preparando para a etapa final do Circuito Mundial, mas quero dizer que me sinto honrado em poder representar os esportistas do nosso País”, disse ele.

Na categoria Política, o troféu de Brasileiro do Ano foi entregue a João Doria, governador eleito de São Paulo. A homenagem aconteceu graças ao fenômeno eleitoral em que ele se transformou nos últimos dois anos. De executivo de empresas na área de comunicação, Doria venceu duas eleições seguidas: em 2016 se elegeu prefeito de São Paulo ainda no primeiro turno e, em outubro, foi eleito governador do Estado, projetando-se agora como o grande líder do PSDB. Seu agradecimento foi um acalorado discurso contra a corrupção, sobretudo a institucionalizada durante os governos do PT. “Tenho muito orgulho do juiz Sergio Moro, do ministro Barroso, dos delegados e promotores públicos que colocaram o Lula na cadeia, onde deveria estar há muito tempo”, disse Doria. O clima do prêmio Brasileiros do Ano, que deu ênfase à pluralidade de opiniões, sintetizou o respeito pelas diferenças e o desejo comum a todos de que o País reconstrua sua economia e avance nas conquistas democráticas.

Fotos: Claudio Gatti; Gabriel Reis; Thiago Bernardes/Frame