Quando um dos escritores mais populares do mundo, com 400 milhões de exemplares vendidos, anuncia publicamente qual é a sua história favorita, todos os seus fãs prestam atenção. Pois foi isso que Stephen King fez com “Lisey’s Story”, obra de 2006 adaptada agora em uma bela e assustadora minissérie da plataforma AppleTV+. O roteiro, inclusive, é assinado pelo próprio autor, algo que ele não fazia desde 1997. É a garantia definitiva de que todos os elementos que fazem do americano um dos dez autores mais traduzidos de todos os tempos estão lá: o mistério, a loucura e a violência tornam a história uma epítome dos seus mais de 70 clássicos do terror.

A produção de oito episódios conta a história de Lisey, viúva de popular escritor que, após a sua morte, passa a ser perseguida por um admirador fanático que adora os seus livros. King já havia esboçado uma trama parecida em “Louca Obsessão” (“Misery”), onde narrou a relação doentia entre o escritor Paul Sheldon e a enfermeira Annie Wilkes, sua leitora voraz. Em “Lisey’s Story” há um componente adicional – e biográfico: King teve a ideia quando ficou internado com pneumonia e sua mulher aproveitou para reformar seu escritório. Ao deixar o hospital, voltou para casa e sentiu-se “como um fantasma”, definiu ele.

“Eu queria contar a trama que está no livro, mas desejava torná-la melhor ” Stephen King, sobre a decisão de escrever sozinho o roteiro de “Lisey’s Story”, o primeiro em 24 anos (Crédito:Divulgação)

A minissérie é estrelada por Julianne Moore, Clive Owen e Jennifer Jason Leigh, com produção de J.J. Abrams e direção do chileno Pablo Larraín (“Jackie”). Para entender melhor o seu contexto, Larraín passou um fim de semana na casa do próprio autor, em Maine, nos EUA. “Ele me disse: ‘Você é o único convidado, mas isso não significa que está sozinho’ e foi embora. Eu mal dormi. Na manhã seguinte, ele entrou com o café da manhã e zombou de mim”, lembra Larraín.

“A história de Lisey é minha favorita. Sempre foi”, afirma King no ‘making of’ da produção. “No fundo, esse é um caso de amor sobre a coragem de uma mulher que faria quase qualquer coisa para salvar a vida e a sanidade de seu marido. Eu queria contar a trama que está no livro, mas desejava torná-la melhor”, explicou King, sobre a decisão de escrever o roteiro. E acrescentou: “Se alguém vai bagunçar tudo, que seja eu”.