Bolsonaro começou o ano enfezado, literalmente. O responsável foi um camarão maroto, não mastigado devidamente, que causou suboclusão no intestino do presidente. Assim foi informado pela equipe médica que deu alta ao ex-capitão na quarta-feira, 5. Ele foi internado às pressas na segundafeira, 3, no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após excessos do fim de ano, que cobraram a conta. Aos 66 anos, é como se o mandatário tivesse o complexo de “übermensch” — termo que o filósofo Nietzsche criou para identificar seres superiores aos demais. O mandatário se considera um super-homem e, por isso, não reconhece as limitações humanas.

Inicialmente, foi cogitada uma obstrução intestinal. Chamado às pressas, o médico Antônio Macedo voltou de viagem nas Bahamas para atender o paciente que acompanha desde a facada na campanha eleitoral de 2018. O avião fretado para trazer o médico custou ao menos R$ 300 mil. Quando Macedo chegou, logo descartou a necessidade de cirurgia. A medicação foi suficiente para desobstruir o intestino.

Consultado por ISTOÉ, o médico gastroenterologista Hercio Cunha explicou que na obstrução intestinal a única solução é a cirurgia. “Quando isso acontece, a pessoa começa a vomitar fezes.” Como o que aconteceu foi uma suboclusão, quadro em que o intestino funciona com restrições, “é preciso ficar em jejum e tomar remédios”. Cunha explicou que quem passa por cirurgias no abdômen costuma ter sequelas. Depois da facada, o presidente pode ter ficado com uma angulação inapropriada que impede o funcionamento correto do sistema digestivo. O gastroenterologista afirmou que não é necessário fazer uma dieta específica. “O problema é o exagero. O presidente deve ter um intestino menor. Ele precisa de uma alimentação mais regular e mais saudável.”

O episódio gerou comentários excêntricos nas mídias sociais. A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) afirmou que “colocaram tanto olho gordo na viagem do presidente, que o pobre até adoeceu!”. A frase da professora livre docente da USP viralizou e os internautas questionam se ela acredita mais no olho gordo do que em vacinas.

Bolsonaro, a primeira-dama Michelle e os filhos tentaram causar comoção e lembrar o atentado de 2018. Os adversários, por sua vez, alertaram para uma estratégia eleitoral capciosa. Faz sentido. O ex-capitão fugiu dos debates nas últimas eleições e, com a popularidade em baixa, tende a se esconder atrás da enfermidade. O ano só está começando.